Depois que disse aos parceiros da UE que o RU demandaria um novo acordo, como compensação por permitir que os membros do euro forjassem uma união mais estreita, Cameron foi contestado firme e acidamente pelo presidente socialista francês François Hollande, que lhe disse que a Europa era "para sempre".
Em uma coletiva de imprensa, Hollande disse: "Devolver poderes? Usualmente, quando um país assume um compromisso o faz para a vida toda. Acredito em que tratados são feitos para serem cumpridos. Essa discussão poderia ocorrer, mas a Europa não é uma Europa em que você possa tomar competências de volta. Não é uma Europa à la carte".
Os comentários de Hollande são um aviso claro de que o RU não teria assegurada uma opção de não participar da área social da UE envolvendo direitos trabalhistas, que agora seus parceiros consideram uma necessidade permanente para a estabilidade do mercado único. Eles não querem dar ao RU a vantagem competitiva de cortar seus custos trabalhistas.
Pode ser até que Angela Merkel, a chanceler alemã, esteja disposta a negociar algumas concessões ao RU durante conversações sobre um novo tratado para uma união plena em termos econômicos e financeiros, mas diplomatas da UE disseram que tais concessões seriam limitadas. Por exemplo, o RU poderia conseguir a possibilidade de não se comprometer com a diretriz da UE sobre carga horária máxima de trabalho, mas não haveria perspectiva de deixá-lo fora de todo o arcabouço de medidas sociais ou da política de pescas comum -- ambos estes temas são considerados cruciais pelo céticos do euro.
"Cameron está gerando expectativas que não podem ser satisfeitas", disse uma fonte da UE. Outra acrescentou: "Se ele colocar sobre a mesa uma lista longa de pedidos para recuperação de poderes, depois todos os demais 26 membros fariam o mesmo ... O que ele quer não irá acontecer".
Downing Street revidou, com uma fonte dizendo: "Está errado dizer que você não pode recuperar poderes. Não há em lugar nenhum uma cláusula escrita afirmando que isso não pode ser feito. Na realidade, este governo já recuperou da UE seu poder de resgate, e o último tratado da UE franquia ao RU a recuperação de poder quanto a assuntos internos e questões referentes à justiça se assim o quisermos. Há necessidade de haver flexibilidade, para assegurar que os interesses de todos os membros da UE sejam respeitados. E, claramente, assim como como a zona do euro busca mudanças para permitir a união mais coesa de que necessita, outros também podem buscar mudanças para avançar em seus interesses".
David Cameron expõe sua posição a Angela Merkel na reunião de sexta-feira, 14/12, em Bruxelas - (Foto: The Independent).
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