[Ver postagem anterior sobre a reunião de Dubai.]
Aconteceu com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Em viagem a
trabalho de duas semanas, em que ele passou por três países de dois
continentes - Argentina, Portugal e Itália - e usou o serviço de dados
do celular durante sete dias, a sua conta mensal disparou. Foram mais de
R$ 4 mil de cobrança. "Tive que ir lá [na loja da operadora] negociar,
parcelar", disse o ministro. "É um serviço extorsivo", afirmou o titular
da pasta responsável por estabelecer políticas à área de
telecomunicações.
Se as propostas do Brasil sobre roaming internacional na Conferência
Mundial de Telecomunicações Internacionais (WCIT-12), que terminou
sexta-feira em Dubai, nos Emirados Árabes, forem implantadas, casos como
o do ministro serão cada vez menos frequentes. Além de tarifas mais
acessíveis, o Brasil propôs criar pontos regionais de troca de tráfego
internacional. São locais em que as redes de telecomunicações
internacionais se conectam para transmitir dados de uma região à outra.
"Nós gastamos US$ 500 milhões em conexão internacional este ano",
afirmou Bernardo. Esse montante equivale a 35% dos custos totais de
conexão do país, de acordo com o ministro. "Diminuir isso significa
melhorar o custo das conexões no Brasil". Segundo ele, em 2013 será
discutido onde instalar o ponto de troca de tráfego no país.
A partir da instalação desses pontos no Brasil, seria possível melhorar a
qualidade da internet para o usuário e diminuir os custos de conexão.
"As operadoras pagam, mas a conta é repassada para o consumidor", disse.
A proposta sofreu forte oposição dos Estados Unidos, Canadá e Europa,
detentores da maioria dos pontos de troca de tráfego internacional, mas
foi aprovada.
Em relação ao roaming internacional, o Brasil propôs preços mais
razoáveis, maior transparência sobre os valores cobrados, qualidade
similar à oferecida aos usuários do país visitado e condições
diferenciadas para roaming em zonas de fronteira.
Todas as propostas foram aprovadas e viraram resolução, e serão
discutidas em outros fóruns da União Internacional de Telecomunicações
(UIT). "Os americanos resistiam muito nessa questão [do preço do
roaming], mas acabaram concordando", disse o ministro. "Não vamos
controlar o preço, mas queremos saber o que é cobrado. Ninguém pode
viajar ao exterior e ser cobrado em 800% do preço normal".
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