Com uma dívida de R$ 10 milhões e em processo de recuperação judicial, a gaúcha Aeromot está sem contratos relevantes, o que aprofunda ainda mais sua crise e aumenta o risco de fechamento da companhia. Ela é fornecedora da Embraer e da Força Aérea Brasileira (FAB) há mais de 40 anos.
Aos 81 anos, o presidente da Aeromot, Cláudio Barreto Viana, considerado um precursor do setor aeronáutico no Rio Grande do Sul, afirma que está empenhado para que a empresa, enquadrada como estratégica pela Aeronáutica, não tenha um fim melancólico.
A crise na Aeromot, segundo o empresário, se agravou nos últimos dois
anos com a desvalorização cambial, que reduziu a receita de exportações
do motoplanador Ximango, além da perda de clientes. A aeronave possui
170 unidades em operação no mundo e chegou a ser exportada para 16
países.
A despeito dos problemas enfrentados pela crise, o presidente da Aeromot explica que a campanha de vendas do Ximango continua ativa. "Temos acordo com a China National Guizhou Aviation Industry (Gaic) para produzir o motoplanador naquele país." Nos últimos oito meses, segundo ele, 25 funcionários da empresa chinesa receberam treinamento no Brasil. O modelo é destinado a escola de formação de pilotos chineses. [Ver site da Ximango USA.]
A despeito dos problemas enfrentados pela crise, o presidente da Aeromot explica que a campanha de vendas do Ximango continua ativa. "Temos acordo com a China National Guizhou Aviation Industry (Gaic) para produzir o motoplanador naquele país." Nos últimos oito meses, segundo ele, 25 funcionários da empresa chinesa receberam treinamento no Brasil. O modelo é destinado a escola de formação de pilotos chineses. [Ver site da Ximango USA.]
No começo deste ano, a NASA (Agência Espacial Americana) utilizou um Ximango, empregado pela Força Aérea dos EUA (Usaf) no treinamento de pilotos, para uma pesquisa sobre aviões elétricos. "A Aeromot colabora com a pesquisa através do fornecimento de dados de engenharia que permitam substituir com segurança os tanques atuais da aeronave, localizados na asas, por baterias elétricas", explicou Viana.
Um Ximango TG-14 da Força Aérea Americana (USAF) -- (Foto: Ximango USA).
A Aeromot sobrevive com pequenos contratos de fornecimento de peças para sua antiga coligada, a Aeroeletrônica, vendida em 2005 para o grupo Elbit, de Israel e hoje parte do grupo Embraer Defesa. A empresa, que chegou a ter três unidades de negócios (manutenção, reparo e revisão aeronáutica; sistemas eletrônicos de defesa; e fabricação de aeronaves), está concentrado hoje apenas na atividade de produção dos aviões Ximango e do treinador monomotor Guri, além de projetos especiais. [Uma nota datada de 2/12/2008 de um ex-piloto de Ximango TG-14 da USAF informa que cerca de um ano antes a USAF decidira aposentar sua frota de TG-14s, que estava sendo transferida para polícias de condados americanos (chefiadas por xerifes).]
Um Ximango TG-14 "aposentado" pela USAF e em fase de transferência para uma força policial de condado nos EUA (observem as asas dobradas para estacionamento em hangar) - (Foto: site).
No caso do Guri, usado no treinamento básico de pilotos, o mercado alvo, segundo Viana, são os aeroclubes e as Forças Armadas. O antigo Departamento de Aviação Civil (DAC), substituído pela Anac, adquiriu 20 unidades do Guri, em 2005, por R$ 8 milhões, mas o plano que previa a compra de novas unidades não foi adiante. "Os aeroclubes perderam a função social, de prover a formação de pilotos a um baixo custo. Cerca de 90% dos pilotos da Varig e da Vasp no passado foram formados nos aeroclubes", afirmou Viana.
Até meados deste ano, a Aeromot tinha a expectativa de retomar o fôlego financeiro com o programa de desenvolvimento do cargueiro militar KC-390, a cargo da Embraer. A empresa, no entanto, perdeu a concorrência para fornecer os bancos e as macas da aeronave para a brasileira LH Colus, de São José dos Campos. Sobre as dificuldades financeiras enfrentadas pela Aeromot, a Aeronáutica preferiu não emitir opinião. A Embraer também não respondeu se o processo de recuperação judicial da Aeromot influenciou na decisão de escolha de outro fornecedor para o KC-390. O último contrato da Aeromot com a Embraer, de acordo com Viana, foi encerrado há cerca de um ano. A empresa fornecia peças para o avião agrícola Ipanema.
Atualmente, a Aeromot, que já empregou mais de 100 funcionários, conta com apenas oito empregados. Nos bons tempos da empresa, em que fornecia para praticamente todos os programas da Embraer (AMX, Tucano, Bandeirante e Brasília), a Boeing e a Airbus, seu faturamento girava em torno de R$ 10 milhões por ano. "Temos um número pequeno de colaboradores para reduzir nossos custos fixos, mas trabalhamos com 60 empresas satélites na parte de fabricação, usinagem e solda, criadas por ex funcionários da Aeromot, e que nos atende quando temos algum projeto", explicou.
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