domingo, 9 de dezembro de 2012

Revista inglesa presta desserviço ao Brasil e garante sobrevida de Mantega no governo

[Guido Mantega, o recordista em previsões erradas sobre nossa economia  e parte importante da herança "bendita" que nossa eternamente bem-humorada ex-guerrilheira diz ter recebido do seu antecessor, o NPA (Nosso Pinóquio Acrobata), ganhou uma sobrevida inesperada no governo graças a um editorial de uma revista estrangeira. A conceituada revista inglesa The Economist publicou esta semana , com o título "Uma quebra de confiança", um editorial em que afirma que se Dilma quer um segundo mandato deve arranjar uma nova equipe econômica. Resposta da nossa ex-quase Dama de Ferro: "Só quero me manifestar que em hipótese alguma o governo brasileiro eleito pelo voto direto vai ser influenciado pela opinião de uma revista que não seja brasileira", disse Dilma. Ou seja: se uma revista brasileira fizer a mesma sugestão que a The Economist ela será levada em conta pelo governo de nossa simpática presidente -- o que estão esperando então as revistas Playboy, Turma da Mônica, Meu Nenê, Caras, Contigo, Vogue, etc, para satisfazer Dona Dilma?! Traduzo abaixo o referido editorial inglês. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Exatamente há dois anos atrás, quando Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil, a economia brasileira crescia rapidamente. Depois, ela encalhou numa pausa e agora luta para recuperar-se.  Apesar de crescentes e frenéticos esforços de estímulo pelo governo, a criatura moribunda cresceu apenas 0,6% no terceiro trimestre -- metade do número previsto por Guido Mantega, o ministro da Fazenda. A maioria das análises de mercado espera agora um crescimento do PIB inferior a 1,5% este ano, e não muito acima de 3% no ano que vem. Apenas isso, para o conceito vigente de que o "B" de Brics refere-se a uma economia acelerada.

As máquinas que foram a força do Brasil na década passada estão rateando. Os preços das exportações de commodities, embora ainda altos, pararam de subir. Os consumidores estão usando mais de seus salários para quitar os financiamentos que utilizaram para comprar carros e televisões [esse comprometimento dos salários já chega a 44% às vésperas das compras de fim de ano]. Baixo desemprego significa que há menos mãos ociosas para serem postas a trabalhar. Em vez de basear-se no consumo, o crescimento econômico agora tem de vir de produtividade e investimentos mais elevados. Isso significa cortar severamente o "custo Brasil", uma combinação de burocracia, tributação pesada, crédito caro, infraestrutura precária e uma moeda sobrevalorizada, o que faz do Brasil um país extrema e punitivamente caro para nele se fazer negócio.

A Sra. Rousseff admitiu a necessidade de melhorar a competitividade. Sua equipe econômica diz que tem como objetivo estimular uma recuperação pelo lado da oferta, liderada por investimentos. Nos últimos 15 meses o Banco Central cortou a taxa de juros em 5,25 pontos percentuais, levando-a ao patamar de 7,25% (dois pontos apenas acima da inflação). Isso colaborou para enfraquecer a moeda e ajudar a indústria. O governo cortou impostos sobre a folha de pagamento (mas não para a maior parte dos serviços). Está igualmente reduzindo a tributação sobre energia elétrica e convidando operadores privados a melhorar aeroportos, estradas e ferrovias.

Apesar disso tudo, os investimentos caíram em cada um dos últimos cinco trimestres. Eles agora atingem apenas 18% do PIB, contra 30% no Peru em 2011 e 27% no Chile e na Colômbia, as novas economias de alto crescimento na América Latina. [Essa é enésima comprovação da péssima gestora que é Dilma Rousseff, mãe do PAC e madrasta do Brasil.]

Empresários estão cautelosos, porque o governo se intromete demais. Um exemplo típico é seu manifesto desejo de baixar por imposição o retorno sobre investimentos não apenas para bancos, mas também para empresas de energia elétrica e outros operadores de infraestrutura. Ainda mais que seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, a Sra. Rousseff parece acreditar que o Estado deve direcionar as decisões dos investimentos privados. Essa intromissão no nível micro solapa e prejudica também a confiança na política macroeconômica.

Pare de se intrometer e deixe os instintos animais agirem (*)

O Banco Central pode ser tentado a reagir aos últimos dados da economia com outro corte na taxa de juros. Isso seria um erro. Em vez disso, o governo deveria redobrar esforços para reduzir o custo Brasil -- por exemplo, enfrentando as leis trabalhistas -- e, assim, deixar que os instintos do setor privado atuem [(*) "let the private sector's animal spirits roar", em inglês -- "animal spirits" (instintos animais) é a expressão usada em 1936 pelo economista John Maynard Keynes em seu livro "The General Theory of Employment, Interest and Money" ("A Teoria Geral do Emprego, dos Juros e do Dinheiro", em tradução livre e direta), para descrever as emoções que influenciam o comportamento humano e podem ser medidas em termos de confiança do consumidor]. A preocupação é com o fato de que a própria presidente é a intrometida-chefe.  Mas, ela insiste em dizer que é pragmática. Se assim for, ela deveria demitir o Sr. Mantega, cujas previsões superotimistas perderam a confiança dos investidores, e nomear uma outra equipe capaz de reconquistar a confiança empresarial. [Dona Dilma deve ter tido um gigantesco derrame de bílis com este trecho do editorial.]

A esperança da Sra. Rousseff parece ser que emprego pleno e salários reais em alta serão suficientes para lhe assegurar um segundo mandato em 2014. Mas, esses dois fatores dependem de um crescimento renovado da economia. Lula ganhou um segundo mandato porque suas políticas tiraram milhões de brasileiros da pobreza. Do mesmo modo, o eleitorado recompensou Fernando Henrique Cardoso, o antecessor de Lula, porque ele derrubou a inflação. E a Sra. Rousseff? Os eleitores podem concluir que, ao tentar fazer malabarismo com tantas bolas econômicas, ela acabou deixando cair a maioria delas.

[O estilo do editorial pode parecer excessivamente duro e desrespeitoso, mas é esse o mesmo estilo de linguagem que a revista usa quando diverge frontalmente da atuação do governo inglês ou de outros governos na Europa e no mundo. É bobagem ficarmos com mágoas tolas (ou falsas) por causa disso.  Eu, pessoalmente, acho que pesou também no estilo do editorial o fato de nossa simpática e sorridente ex-guerrilheira insistir em ensinar padre-nosso a vigário em suas andanças pelo mundo -- Europa, ONU e alhures. Ela reiteradamente insiste em querer orientar americanos e europeus, entre outros, sobre como lidar com suas economias, quando ela mesma mete os pés pelas mãos e não consegue desatolar a economia de seu país. O apelido de "intrometida-chefe" veio p'ra ficar.]

Foto da "intrometida-chefe" do Brasil com que a The Economist ilustrou seu editorial traduzido acima. Mais autêntica, impossível - (Foto: Reuters).

Nenhum comentário:

Postar um comentário