[Dona Dilma gastou tanto tempo e verbo falando dos apagões de FHC que agora, entre um gole de bílis e outro, deve estar buscando o que dizer ao seu eleitorado depois do apagão de sábado à noite, o sexto que ocorre desde setembro último.]
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou novo balanço
nesta segunda-feira, no qual informa que
o apagão na noite de sábado afetou municípios de 12 estados do Brasil. No fim de semana, a última
divulgação oficial tinha sido de que só seis estados foram afetados.
Só no Rio de Janeiro e em São Paulo, 2,7 milhões de consumidores ficaram
sem luz. Além de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso,
Acre e Rondônia como divulgado inicialmente, também foram afetados Mato
Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e
Espírito Santo.
[A Nota à Imprensa emitida hoje pelo ONS sobre esse apagão está disponível no site desse órgão em formato pdf.
Não é preciso ser possuidor de nenhum canudo universitário p'ra perceber que há algo de podre no reino da energia elétrica no Brasil. De setembro até agora tivemos a média de 1,5 apagão por mês. Se há um setor da economia repleto de órgãos estatais p'ra todos os gostos, esse é o elétrico -- planejamento, regulação, supervisão da operação, tarifário, e o que mais se quiser, são servidos por sopas de letras intermináveis. Mesmo com esse monte de gente teoricamente de olho em cima do setor elétrico, ele continua a desandar, e os doutores das sopas de letras falam, falam e não resolvem absolutamente nada. E os intervalos entre apagões só fazem diminuir. O verão que está chegando ameaça ser brabo, e aí a vaca pode ir pro brejo. E esse cenário altamente preocupante ocorre com a economia praticamente estagnada -- imaginem o que estaríamos vivendo se a economia estivesse aquecida ... Como disse em outra postagem, o desaquecimento da economia poupou o Brasil de outro sério apagão.
Se até agora, com as regras de concessão originais ainda vigentes, a confiabilidade do sistema elétrico vem se deteriorando a olhos vistos, depois de consumada e tornada efetiva a intervenção de nossa afável e sorridente ex-guerrilheira no setor via MP 579 a tendência será inevitavelmente de piora. A manutenção de um sistema extenso e do porte do nosso é uma atividade complexa, cara e que demanda dinheiro e atualização tecnológica (= capacitação lato sensu). A geração de caixa do setor após a MP 579 vai piorar, e isso vai repercutir em todos os setores das concessionárias, incluindo o da manutenção.
A Eletrobras e suas subsidiárias respondem por 35,5% da geração total do país (incluindo a metade de Itaipu pertencente ao Brasil) e por 56% da transmissão nacional. A MP 579 atingiu brutalmente a saúde financeira da Eletrobras, e terá forte impacto negativo em várias empresas estatais estaduais. A área estatal do setor elétrico tem tudo para tornar-se um foco de problemas sérios por falta de caixa. E pensar que quem pariu esse Mateus é uma senhora que já foi ministra de Minas e Energia ...]
A desculpa esfarrapada de sempre: raios na região! Pasmem! Em tempo: os sistemas aéreos de geração, transformação e transmissão de energia elétrica são protegidos contra descargas atmosféricas diretas e indiretas (vamos no popular; possuem cabos pára-raios, malhas de aterramento, dentre outros dispositivos). Então, as causas não são os raios, mas as falhas na proteção ou a ausência dela). Ou pior ainda: as causas são inconfessáveis pela evidente falta de investimentos no setor ou pela falta de quem pudesse mentir com mais desenvoltura.
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