O governo argentino acusou nesta sexta-feira grupos de sindicalistas por organizar os saques contra lojas de eletrodomésticos e supermercados em quatro províncias. Nas últimas 24 horas, duas pessoas morreram e mais de 240 foram presas por causa dos assaltos. O chefe de gabinete, Juan Manuel Abal Medina, disse desconfiar da participação de setores dos sindicatos de caminhoneiros e da gastronomia, vinculados ao líder da Confederação Geral do Trabalho, Hugo Moyano, e a Luis Barrionuevo, que comandou a entidade durante a presidência de Eduardo Duhalde (2002). "Não temos que ser ingênuos. Há setores interessados em que isso aconteça, como divisões do sindicato de caminhoneiros, de gastronomia e da Associação de Trabalhadores do Estado".
O vice-ministro de Segurança, Sergio Berni, também levantou a suspeita, dizendo que os assaltos tiveram motivos políticos "por parte de dirigentes sem escrúpulos que querem tingir de sangue as festas".
Moyano passou a ser opositor ao governo da presidente Cristina Fernández de Kirchner neste ano, após oito anos de fidelidade. Devido às diferenças, ele passou a organizar protestos de milhares de trabalhadores contra o governo. O último foi na última quarta (19) e levou cerca de 100 mil à praça de Maio. Mais cedo, ele disse não acreditar em que os saques tenham sido armados. "Não posso imaginar que isso tenha sido organizado por alguém. Isso é o fruto desta necessidade que passa muita gente que não tem trabalho". [O jornal argentino La Nación de hoje publica a resposta de Moyano às acusações do governo Kirchner, em que ele diz que o que está acontecendo foi orquestrado pelo próprio governo, para fazer-se de vítima.]
Tanto Moyano como Barrionuevo são acusados de envolvimento em ações violentas que provocaram a saída ou derrubada de governos. Em 1989, uma onda de saques fez com que o radical Raúl Alfonsín entregasse o governo a Carlos Menem de forma antecipada pela instabilidade social criada. Os assaltos também foram um dos primeiros passos para o fim do governo do também radical Fernando de la Rúa, em meio à crise financeira argentina de 2001.
Saques
Nas últimas 24 horas, duas pessoas morreram e pelo menos 240 foram detidas em todo o território argentino. O assalto aos estabelecimentos comerciais começou pela cidade turística de Bariloche e atingiu outras províncias e cidades como Rosario, a segunda maior do país. Segundo o governo da Província de Santa Fé, 25 saques foram registrados na região e pelo menos 135 pessoas foram presas em todo o Estado, sendo 90 apenas na Grande Rosario. As autoridades pediram reforço ao governo nacional.
Na Província de Buenos Aires, houve três tentativas de invasão de supermercados nas cidades de Campana, Zárate e San Fernando. Pelo menos 100 pessoas foram presas. [Clique nas imagens abaixo para ampliá-las.]
Um carro queimado é visto ao lado da entrada de um supermercado saqueado em Rosário, Argentina - (Foto: Agência Rosario/AFP).
Saqueadores empurram carrinho com itens levados de um supermercado na estância turística de Bariloche, na Argentina - (Foto: Chiwi Giambirtone/Reuters).
Homem carrega caixa nas costas ao sair de supermercado na cidade
argentina de Bariloche. Cerca de cem pessoas saquearam lojas na
periferia da cidade - (Foto: Chiwi Giambirtone/Reuters).
Nenhum comentário:
Postar um comentário