O Comitê de Planejamento e Construção Distrital de Jerusalém aprovou nesta quarta-feira um projeto de porte para a construção de uma nova área residencial judia no sul da cidade, próximo à Linha Verde [Green Line -- denominação dada ao conjunto de linhas de demarcação estabelecidas nos Acordos de Armistício de 1949 entre Israel e seus vizinhos (Egito, Jordânia, Líbano e Síria), conforme mapa abaixo -- clique na imagem para ampliá-la.]
A Linha Verde (Green Line) é a linha pontilhada em azul no mapa acima - (Fonte: Google).
Mais de 2.600 unidades residenciais estão planejadas para serem construídas no novo bairro de Givat Hamatos, local de casas móveis que tinham sido usadas para abrigar imigrantes etíopes. O local fica próximo de Har Homa, que gerou controvérsia quando Benjamin Netanyahu aprovou sua construção em 1997, durante seu primeiro mandato como primeiro-ministro. Embora esteja no sul da cidade, a área é considerada como Jerusalém oriental por estar praticamente sobre a Green Line.
O bairro de Har Homa, em Jerusalém sul - (Foto: Olivier Fitoussi).
O comitê estava programado para, na terça-feira, discutir outro projeto para 900 novas casas na mesma área, mas houve adiamento. Na terça-feira, foi aprovado também um plano para a construção de centenas de casas para residentes árabes de Beit Safafa, em Jerusalém. Palestinos e ativistas israelenses de esquerda alegam que o objetivo desse projeto é juntar a área árabe com um bairro judeu, e assim tornar mais difícil uma divisão da cidade no futuro.
A aprovação para o projeto de Givat Hamatos ocorre apenas dois dias depois que um subgrupo do comitê deu seu sinal verde preliminar a um plano para a construção de 1.500 unidades residenciais no bairro de Ramat Shlomo, em Jerusalém oriental. Ambos esses anúncios foram feitos apenas duas semanas depois de Israel ter declarado sua intenção de construir 3.000 novas unidades residenciais em Jerusalém oriental e na Margem Esquerda, provocando a ira da comunidade internacional.
A aprovação para a expansão de Ramat Shlomo foi dada em março de 2010, durante uma visita do vice-presidente americano Joe Biden. Isso deflagrou uma crise diplomática sem precedentes entre Washington e Jerusalém e, como consequência o plano, juntamente com outros projetos adicionais de construções em Jerusalém oriental, foi suspenso. Israel depois acelerou o processo, em retaliação à decisão da ONU no mês passado de aceitar a Palestina como um Estado observador não-membro, e anunciou seus planos para construir as 3.000 residências adicionais em vários assentamentos. Na esteira do voto da ONU, Israel planejou também dar seguimento a um projeto há longo tempo congelado para a área E1, que cobre uma área que une a cidade de Jerusalém com o assentamento de Ma'aleh Adumim. [Além da atitude de descaso e desafio para com a comunidade internacional, Israel está nitidamente, como dito acima, criando uma situação que tornará extremamente difícil qualquer divisão futura de Jerusalém.]
Em uma crítica rara e inusitadamente dura ao seu aliado no Oriente Médio, o Departamento de Estado americano na terça-feira acusou Israel de se engajar em um "padrão de ação provocadora", que vai contra declarações de líderes israelenses de que estão comprometidos com a paz. "Estamos profundamente desapontados com a atitude de Israel de insistir nesse padrão de ação provocadora", disse a porta-voz do Departamento Victoria Nuland. "Esses reiterados anúncios e planos de novas construções conspiram contra a causa da paz. Os líderes de Israel dizem continuamente que apoiam um caminho rumo a uma solução de dois Estados, entretanto tais ações só fazem expor esse objetivo a mais riscos". Esses comentários duros foram feitos depois que Benjamin Netanyahu prometeu solenemente dar continuidade às construções em Jerusalém oriental, em resposta à crítica internacional.
Mais cedo na terça-feira, era esperado que os membros europeus do Conselho de Segurança da ONU -- Reino Unido, França, Alemanha e Portugal -- emitissem um comunicado conjunto condenando a decisão do governo israelense de expandir as construções.
Um funcionário do gabinete do primeiro-ministro esclareceu na segunda-feira que a decisão de construir em Ramat Shlomo não representava planos novos de construção, mas na realidade um novo estágio de um projeto existente. "Essas não são novas casas", disse ele. "A intenção de construí-las foi publicada anos atrás, e o que aconteceu hoje foi apenas uma discussão sobre objeções ao plano. Isso é apenas um outro estágio de planejamento, não o início de construção". [Sem comentários.]
Interessante comentário do Benjamim Netanyhau ao afirmar que (sic) "acha natural que os israelenses construam casas no local que consideram a sua capital". O mesmo deveria valer para os palestinos, mas não é bem assim. Fica evidente a força que Israel tem em cuidar do seu "Lebensraum". Mesmo que seja sabido que lá não há nenhuma "vestal" noto que David e Golias inverteram os seus papéis.
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