[Desde que emitiu a MP 579 (a ser ainda aprovada pelo Congresso) e fez uma intervenção direta no setor elétrico, atropelando contratos e normas civilizadas de relacionamento, nossa eternamente bem-humorada ex-guerrilheira vem encontrando barreiras e solavancos pela frente, criando atritos desnecessários e infernizando a vida econômico-financeira da Eletrobras. Vejamos o que nos conta hoje o Valor Econômico.]
Os acionistas da Cesp rejeitam a proposta de antecipar a renovação das
concessões que vencem em 2015 nos moldes da Medida Provisória (MP) 579. A
decisão foi quase unânime. Apenas um representante de um sindicato
ligado aos trabalhadores de Campinas votou pela prorrogação das licenças
de operação. As usinas de Jupiá, Ilha Solteira e Três Irmãos, cujas concessões
vencem até 2015, representam quase 70% da capacidade de geração da Cesp.
As indenizações oferecidas pelo governo pelos valores residuais desses
ativos ficaram muito abaixo do esperado pela companhia. O reembolso
proposto foi de R$ 1,8 bilhão, R$ 5,4 bilhões abaixo do montante pelo
qual esses ativos são contabilizados no balanço da geradora. Na quinta-feira à noite, o Ministério de Minas e Energia (MME) corrigiu o
valor oferecido pela usina de Três Irmãos, de R$ 1 bilhão para R$ 1,7
bilhão, por conta de um erro no avaliação da depreciação do ativo. Os
cálculos do governo consideravam que a usina tinha entrado em operação
em 1982, quando o correto é 1992. Apesar da correção, os acionistas da
Cesp ainda julgaram o valor muito baixo.
Com a notícia da recusa da prorrogação, as ações preferenciais classe B
(PNB, sem direito a voto) dispararam. Elas fecharam o dia negociadas a
R$ 19,00, em alta de 8,88%. Os analistas de mercado consideravam a não
aceitação como a hipótese mais provável, mas ainda embutiam em seus
cálculos de valor justo uma pequena possibilidade de o governo de São
Paulo aceitar a renovação.
Parece que esses dois insumos básicos da sobrevivência (água e energia elétrica) não estão sendo bem cuidados. O primeiro sofreu uma infiltração grave por parte do crime (des)organizado, enquanto que o segundo é objeto permanente da incúria. As vendas de geradores residenciais vão subir a partir de janeiro, aposto.
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