Em seguida à posse, López disse à imprensa local que espera que “os políticos tenham coragem de assumir sua homossexualidade”. À BBC Brasil ele acrescentou que “o mundo seria menos hipócrita e mais feliz” se todos assumissem sua “homossexualidade e identidade”. “Viveríamos em uma sociedade mais feliz e pacífica. Quanto mais livres pudermos ser, mais honesta será a construção da identidade coletiva e mais leis teremos vinculadas a essa realidade”, opinou.
López era deputado na província de Terra do Fogo, no extremo sul da Argentina, e suplente do senador José Carlos Martínez, que morreu em junho num acidente de trânsito. Ele vai completar os dois anos e meio do mandato restante de Martínez. López, do partido Novo Encontro (que diz apoiar o governo, mas em "algumas questões"), contou que morava com seu companheiro Javier desde 2005 e que se casaram assim que foi aprovada a lei nacional que autorizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Até meados de julho, segundo a Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (FALGBT), foram realizadas no país quase 3 mil uniões homossexuais.
No dia seguinte à sua posse no Senado, López se reuniu com representantes de diferentes ONGs que defendem a ampliação dos direitos dos casais homossexuais. “Está em vigor no país, por exemplo, uma lei que define como delito a discriminação racial, e querem que seja incluída no texto a questão de gênero e liberdade sexual”, afirmou. Outra demanda das organizações é permitir a mudança dos nomes no documento de identidade, a partir da nova opção sexual.
Para López, estar no Senado será a oportunidade de “ser parte dos avanços pela igualdade dos direitos civis”. Ele agrega que a “vida intima não impede que se possa trabalhar pelos direitos da classe trabalhadora em geral”. O senador, nascido na província de Santa Fé, no centro do país, disse que quer ser uma voz no Senado em defesa de “políticas públicas” que gerem também “mais justiça social” no país. Como ex-advogado sindical, disse que quer apoiar também os trabalhadores argentinos que na crise de 2001 passaram a recuperar fábricas que tinham quebrado.
O presidente da Comunidade Homossexual Argentina (CHA), César Cigliutti, afirmou que a posse de López é “uma boa notícia” porque representa “um grande avanço” no combate à discriminação. “É muito bom que isso ocorra em âmbitos fechados, como a política. Na hora da identidade, é muito importante dizer quem você é, com nome e sobrenome, e lutar e dizer com orgulho a questão de gênero”, disse Cigliutti.
O hoje senador Osvaldo López se casou com companheiro após a legalização da união homossexual na Argentina (Foto: BBC Brasil).
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