A crise de mão de obra qualificada no Brasil é generalizada, e só tende a piorar. O lado bom disso é que brasileiros de boa qualificação técnica e profissional estão retornando, já que com a crise os salários por aqui estão altamente competitivos.
Um crescente número de executivos brasileiros que vivia no exterior havia muito tempo está retornando ao país para preencher vagas abertas pela escassez de talentos locais em nível gerencial, afirma reportagem
publicada nesta terça-feira pelo diário econômico britânico Financial Times.
"Eles estão ajudando a maior economia da América Latina a lidar com a
falta de talentos gerenciais conforme ela se torna cada vez mais
entrelaçada com a economia global, particularmente após a China tomar o
lugar dos Estados Unidos como o seu maior parceiro comercial, em 2009",
afirma o jornal.
Segundo a reportagem, a cultura particular brasileira, a pouca proporção
de pessoas que falam inglês e as particularidades da política e da
burocracia do Brasil tornam mais difícil contratar estrangeiros para
trabalhar no país. Além disso, segundo o jornal, a crise financeira global que atinge com
mais força os países desenvolvidos está levando cada vez mais
brasileiros expatriados a pensar em voltar.
O diário cita os setores bancário e de engenharia como os mais populares
para os expatriados, e diz que a escassez de mão de obra no setor se vê
refletida em salários em alta. Segundo um estudo recente feito pela consultoria Dasein Executive
Search, citado pelo jornal, os altos executivos de São Paulo são
atualmente os mais bem pagos do mundo. "Essa tendência vem sendo acentuada pelo fortalecimento do real diante
do dólar, mas tem sido principalmente induzida pela demanda por
talentos", diz a reportagem. O texto cita dois executivos que retornaram recentemente ao país após 24 e 31 anos no exterior, respectivamente.
Para o Financial Times, o recente crescimento da importância do
Brasil no cenário internacional era praticamente inimaginável quando
eles deixaram o país.
"Há 30 anos, o Brasil era governado por uma ditadura militar que
governava uma economia propensa a crises. O milagre econômico chinês
ainda era algo do futuro e a China somente emergiria como um grande
motor para o setor de exportações de commodities brasileiro em meados
dos anos 2000", observa o texto. "A ascensão da chamada classe C brasileira - a baixa classe média
estimulada pelas reformas de bem estar social e por aumentos no salário
mínimo na última década - também estava anos adiante", diz a reportagem.
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