Banco, francês e com más companhias -- essa era a pedra que queriam cantar alguns dos investidores que mais especulam com uma crise na zona do euro. A instituição financeira francesa Societé Génerale se converteu nessa quinta-feira em presa do pânico financeiro. Com muitos títulos das dívidas grega e italiana em sua carteira, bastou um rumor para jogar o banco contra as cordas. Era um sinal a mais da súbita debilidade da França, a segunda maior economia da zona do euro. Diante da pressão dos investidores, o governo de Nicolas Sarkozy reagiu com o anúncio de medidas para controlar o déficit público. O governo italiano fez mais do que anúncio -- com os mercados mordendo-lhe os calcanhares, a administração de Silvio Berlusconi teve que detalhar os planos para economizar 45 bilhões de euros em dois anos, com iniciativas como a fusão de milhares de prefeituras, o aumentos de impostos para as rendas mais altas, e o aumento para 65 anos da idade para aposentadoria das mulheres.
"Estamos entrando em uma fase nova e muito perigosa da crise, e a zona do euro enfrenta o desafio mais importante", advertiu ontem o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick. O desafio que tem crescido a olhos vistos para os líderes europeus nos últimos meses é o de como responder, simultaneamente, a um crescimento que desaquece e às dúvidas sobre as contas públicas de vários países, que aumentam de forma exponencial. E, novamente, a resposta da Europa é uma onda de ajustes orçamentários.
Com a confiança dos consumidores e das empresas em seu mínimo, depois de três anos de crise econômica, o dilema para os governos é escolher entre o mau e o pior. "A crise da dívida soberana se combate com austeridade fiscal", defendeu nessa sexta-feira a vice-presidente econômica, Elena Salgado. A ministra espanhola admitiu que corte no gasto público (na Espanha, o consumo e os investimentos da administração pública valem mais de 25% do PIB) implicará um crescimento econômico menor. Salgado enfatizou que os mercados castigam com custos maiores de financiamento quem não reduz a dívida pública, o que agora anula qualquer opção de usar o orçamento para reativar a economia. "Ainda que criem dificuldades, as medidas de austeridade são prioritárias", frisou ela.
Obrigada pelo enorme desnível orçamentário de 2009 (o déficit superou os 11% do PIB), a Espanha esteve entre os primeiros países a a tomar o caminho dos ajustes, além de ser também um dos mais agressivos na aprovação de estímulos públicos no início da crise. No outono de 2009, a ministra Salgado anunciou algumas medidas fiscais para recuperar receitas. No mesmo tempo, a Irlanda anunciava os oprimeiros cortes para funcionários e pensionistas, que logo se generalizaram em meia Europa.
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