A SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) afirma que vai recorrer contra a proibição de selos de entidades médicas em produtos.
O veto foi divulgado na sexta-feira pelo Conselho Federal de Medicina e
integra um conjunto de novas regras para a publicidade de serviços
médicos.
Por meio de nota, a SBC afirma que "certifica há mais de 15 anos a
qualidade de mais de uma centena de produtos" e que esse certificado é
"importante" para a prevenção de doenças cardíacas. Entre os produtos que carregam o selos de aprovação da sociedade estão:
aveia em flocos, biscoitos, leite em pó, sucos de uva, bebidas à base de
soja, margarinas, óleos vegetais, azeite, queijos, sal e açúcar light,
sanduíches light, hambúrguer, uma marca de salada de frutas, medidores
de pressão e um grill.
A nota diz que uma comissão com dez cardiologistas e nutricionistas
analisa os produtos e que a maioria dos que pedem o selo é rejeitada.
O presidente da SBC, o cardiologista Jorge Ilha Guimarães, conversou
ontem com o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto Dávila,
sobre o veto ao selo.
Dávila falou à Folha e confirmou o encontro, no qual Guimarães
defendeu a legitimidade do selo. "Eu falei para ele colocar isso no
papel e encaminhar ao conselho. Se a plenária entender que há um papel
social para o selo, poderá ser feita uma exceção. Se não, ele será
abolido."
O presidente do CFM afirma que a proibição foi decidida para evitar
conflitos de interesses dos médicos com empresas, que pagam pela
chancela das sociedades. "Isso pode induzir o consumidor a achar que
aquele produto é mil vezes melhor que o outro."
Dávila estima que o pedido da sociedade de cardiologia seja analisado em cerca de 90 dias.
De acordo com o médico João Baptista Laurito Jr., professor colaborador
de ética médica da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), os selos
atendem a um interesse "estritamente comercial".
"A sociedade de cardiologia tem diversos outros meios para fazer isso.
Pode publicar a informação de que produtos com tal característica são
saudáveis, sem indicar marcas e produtos".
Esta declaração do professor da Unicamp me parece muito séria, e a SBC presisa se explicar.
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