Soldados alemães estão ligados aos ataques aéreos da OTAN contra as forças do ditador Muammar Kadhafi mais diretamente do que antes se sabia ou supunha. Em resposta a um questionário específico que lhe foi encaminhado por Hans-Christian Ströbele, membro do Partido Verde no parlamento alemão, o governo alemão reconheceu que 11 soldados alemães ora estacionados em unidades da OTAN na Itália estão realizando tarefas que incluem umas na "área denominada de seleção de alvos" para os ataques aéreos da OTAN. Entretanto, documentos do Ministério de Defesa alemão obtidos pela Spiegel Online observam também que os soldados alemães "não detêm nenhuma posição de liderança ou de tomada de decisões" nessas atividades.
A informação muito sumária fornecida pelo ministério pode tornar-se politicamente explosiva. Apesar de sua manifestação contra a atuação da OTAN na Líbia no começo desta ano, sabe-se há semanas que a Alemanha, como parte de suas obrigações como membro da OTAN, forneceu soldados seus para atuarem em estafes militares ativamente envolvidos na campanha militar contra a Líbia. Não obstante isso, Ströbele acha escandaloso que esses militares alemães participem também da escolha de alvos para futuros ataques aéreos. "Com essas atividades", diz ele, "estamos participando secretamente da guerra da Líbia".
Fontes do Ministério da Defesa mencionam que Ströbele tocou num ponto muito sensível. Argumentam elas que "obviamente, pode-se rejeitar uma missão por razões políticas ou morais, mas ser membro da OTAN implica obrigações que não se pode simplesmente ignorar". Os detalhes desse envolvimento podem causar uma grande dor de cabeça para o govermo alemão. Ströbele já tem em consideração abrir uma ação contra o governo na Corte Constitucional do país, considerando que, sem um mandato, o governo é obrigado a ter uma autorização do parlamento antes de empreender tais ações.
Embora a participação de soldados alemães em estafes permanentes da OTAN seja um assunto rotineiro, o parlamento alemão tem ainda assim que subscrevê-la do mesmo modo que faz com o mandato para o envolvimento de tropas alemãs no Afeganistão. Ströbele argumenta que o fato de que os estafes da OTAN na Itália foram formados especialmente para a guerra contra a Líbia significa que "um mandato teria sido necessário para os soldados alemães".
Uma bomba da OTAN explode em Trípoli em junho de 2011. Soldados alemães estão colaborando secretamente para a seleção dos alvos desses ataques aéreos? (Foto: DPA).
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