quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Petrobrás e São Martinho terão a maior usina de etanol do mundo

A Nova Fronteira, joint venture entre o Grupo São Martinho e a Petrobrás Biocombustível, irá investir R$ 520,7 milhões para transformar a Usina Boa Vista, localizada em Quirinópolis, Goiás, na maior produtora de etanol de cana-de-açúcar no mundo. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, 17, pelos presidentes da São Martinho, Fábio Venturelli, e da Petrobrás Biocombustível, Miguel Rossetto, depois que os novos investimentos foram aprovados por uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE).

Segundo Venturelli, a expansão permitirá que a capacidade instalada de moagem de cana-de-açúcar saia de atuais 3 milhões de toneladas para 8 milhões de toneladas em três anos, até a safra 2014/15. "A cana será toda revertida para a produção de 700 milhões de litros de etanol e 600 mil megawatts/hora de energia elétrica excedente a partir da cogeração", disse o executivo. O volume de etanol a ser produzido pela Usina Boa Vista será equivalente à produção de oito usinas médias. Os investimentos realizados serão da ordem de US$ 70 por tonelada de cana.

Este será o primeiro investimento em produção de um novo ciclo de "retomada", depois que os recursos destinados à expansão de canaviais secaram após a crise de 2008, na opinião de Rossetto, da Petrobrás Biocombustível. Segundo ele, este novo investimento é só o primeiro a ser realizado na Nova Fronteira com o objetivo de acabar com a atual crise de oferta de etanol. "Estamos estudando novos investimentos na Nova Fronteira. Acreditamos na competência da São Martinho na gestão da produção de etanol e queremos contribuir para acabar com a agenda de crise e começar outra, de retomada no crescimento sustentável da produção", disse ele. Rossetto afirma que estes investimentos irão servir como um estímulo virtuoso para que novos aportes sejam feitos por outras empresas em etanol e também em infraestrutura, como por exemplo em logística.

A Usina Boa Vista está localizada de forma estratégica próximo do alcoolduto que está sendo construído pela Logum (que tem participação tanto da Petrobrás como da São Martinho) e também da Rodovia Norte-Sul e de hidrovias que estão sendo construídas pela Transpetro. "Poderemos escoar o etanol produzido ou para os mercados consumidores do Sudeste através do alcoolduto ou até o Maranhão via ferrovia e de lá, exportar o etanol para o exterior ou levá-lo para os mercados das regiões Norte e Nordeste", afirma Venturelli. Rossetto lembra que a própria oferta de 700 milhões de litros de etanol vai impulsionar os trabalhos do alcoolduto para que ele esteja pronto na safra 2014/15. "O etanol da Nova Fronteira será importante para que a Logum atualize seus investimentos na região e mantenha seu cronograma", disse.


Do total de R$ 520,7 milhões, R$ 430,5 milhões serão investidos na parte industrial e R$ 90,2 milhões na parte agrícola. Neste montante, não estão incluídos os recursos para o plantio de cana. Venturelli pretende elevar a participação de fornecedores de cana da Nova Fronteira. "Atualmente, temos 20% de cana vindo de fornecedores e queremos elevar este volume para até cerca de 40%", disse. Os recursos serão buscados junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a expectativa é de que o banco financie até 80% do projeto, com os outros 20% vindo das equities dos sócios. O projeto também contará com benefício do governo de Goiás, de R$ 3 bilhões, através do programa Produzir.

O cronograma dos investimentos prevê o aporte de R$ 179,6 milhões na safra 2012/13 com a expansão da capacidade instalada da Boa Vista de atuais 3 milhões para 3,4 milhões de cana. Em 2013/14, serão investidos R$ 326,1 milhões e a capacidade será expandida para 4 milhões de toneladas e, em 2014/15, serão realizados mais R$ 15 milhões para totalizar as 8 milhões de toneladas. A expectativa é criar 3 mil novos postos de trabalho diretos e indiretos na região de Quirinópolis até 2014/15. Na safra atual, a Usina Boa Vista deverá moer 2,35 milhões de toneladas de cana e produzir 210 milhões de litros de etanol e 220 mil megawatt/hora de energia excedente, que já estão comercializadas para as redes elétricas.

O Grupo São Martinho possui o controle da Nova Fronteira com 51% do capital e a Petrobrás Biocombustível detém os 49% restantes.


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