A Nova Fronteira, joint venture entre o Grupo São Martinho e a Petrobrás
Biocombustível, irá investir R$ 520,7 milhões para transformar a Usina Boa Vista, localizada em Quirinópolis, Goiás, na maior produtora de etanol de cana-de-açúcar no mundo. O anúncio foi feito nesta
quarta-feira, 17, pelos presidentes da São Martinho, Fábio Venturelli, e
da Petrobrás Biocombustível, Miguel Rossetto, depois que os novos
investimentos foram aprovados por uma Assembleia Geral Extraordinária
(AGE).
Segundo Venturelli, a expansão permitirá que a capacidade instalada de
moagem de cana-de-açúcar saia de atuais 3 milhões de toneladas para 8
milhões de toneladas em três anos, até a safra 2014/15. "A cana será
toda revertida para a produção de 700 milhões de litros de etanol e 600
mil megawatts/hora de energia elétrica excedente a partir da cogeração",
disse o executivo. O volume de etanol a ser produzido pela Usina Boa
Vista será equivalente à produção de oito usinas médias. Os
investimentos realizados serão da ordem de US$ 70 por tonelada de cana.
Este será o primeiro investimento em produção de um novo ciclo de
"retomada", depois que os recursos destinados à expansão de canaviais
secaram após a crise de 2008, na opinião de Rossetto, da Petrobrás
Biocombustível. Segundo ele, este novo investimento é só o primeiro a
ser realizado na Nova Fronteira com o objetivo de acabar com a atual
crise de oferta de etanol. "Estamos estudando novos investimentos na
Nova Fronteira. Acreditamos na competência da São Martinho na gestão da
produção de etanol e queremos contribuir para acabar com a agenda de
crise e começar outra, de retomada no crescimento sustentável da
produção", disse ele. Rossetto afirma que estes investimentos irão
servir como um estímulo virtuoso para que novos aportes sejam feitos por
outras empresas em etanol e também em infraestrutura, como por exemplo
em logística.
A Usina Boa Vista está localizada de forma estratégica próximo do
alcoolduto que está sendo construído pela Logum (que tem participação
tanto da Petrobrás como da São Martinho) e também da Rodovia Norte-Sul e
de hidrovias que estão sendo construídas pela Transpetro. "Poderemos
escoar o etanol produzido ou para os mercados consumidores do Sudeste
através do alcoolduto ou até o Maranhão via ferrovia e de lá, exportar o
etanol para o exterior ou levá-lo para os mercados das regiões Norte e
Nordeste", afirma Venturelli. Rossetto lembra que a própria oferta de
700 milhões de litros de etanol vai impulsionar os trabalhos do
alcoolduto para que ele esteja pronto na safra 2014/15. "O etanol da
Nova Fronteira será importante para que a Logum atualize seus
investimentos na região e mantenha seu cronograma", disse.
Do total de R$ 520,7 milhões, R$ 430,5 milhões serão investidos na parte
industrial e R$ 90,2 milhões na parte agrícola. Neste montante, não
estão incluídos os recursos para o plantio de cana. Venturelli pretende
elevar a participação de fornecedores de cana da Nova Fronteira.
"Atualmente, temos 20% de cana vindo de fornecedores e queremos elevar
este volume para até cerca de 40%", disse. Os recursos serão buscados
junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a
expectativa é de que o banco financie até 80% do projeto, com os outros
20% vindo das equities dos sócios. O projeto também contará com
benefício do governo de Goiás, de R$ 3 bilhões, através do programa
Produzir.
O cronograma dos investimentos prevê o aporte de R$ 179,6 milhões na
safra 2012/13 com a expansão da capacidade instalada da Boa Vista de
atuais 3 milhões para 3,4 milhões de cana. Em 2013/14, serão investidos
R$ 326,1 milhões e a capacidade será expandida para 4 milhões de
toneladas e, em 2014/15, serão realizados mais R$ 15 milhões para
totalizar as 8 milhões de toneladas. A expectativa é criar 3 mil novos
postos de trabalho diretos e indiretos na região de Quirinópolis até
2014/15. Na safra atual, a Usina Boa Vista deverá moer 2,35 milhões de
toneladas de cana e produzir 210 milhões de litros de etanol e 220 mil
megawatt/hora de energia excedente, que já estão comercializadas para as
redes elétricas.
O Grupo São Martinho possui o controle da Nova Fronteira com 51% do capital e a Petrobrás Biocombustível detém os 49% restantes.
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