Os dois parceiros chegaram a afirmar, através de um porta-voz do governo alemão, que não está na ordem do dia a criação eventual de obrigações (títulos) comuns à zona do euro. "Todos esperam uma vez mais uma grande iniciativa espetacular", que resolveria de um só golpe todos os problemas, disse o porta-voz. Ele não teria como anunciar esse milagre.
Na realidade, nessa reunião se tratará de prosseguir com as discussões sobre a governança da zona do euro e o papel do grupo do euro -- a reunião mensal dos ministros da economia e das finanças da zona do euro -- no rastro das decisões tomadas pelos chefes de Estado e de governo europeus no dia 21 de julho com relação ao caso grego. Paralelamente a essa declaração, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que havia recomprado 21 bilhões de euros de obrigações da zona do euro em uma semana, um montante recorde para esse programa que estava inativo há quase cinco anos.
"Não evocaremos nem as euro-obrigações de nossa própria emissão, por não considerarmos isso uma via desejável ou prática. E não temos indícios de que a França queira abordar isso", disse ainda o porta-voz, lembrando que existia no seio da zona do euro "uma política monetária comum e uma política orçamentária de cada país", que se traduz por taxas de juros diferentes. "Tanto é assim, que as euro-obrigações não são uma opção", concluiu ele. A introdução dessas obrigações, para permitir que os países em dificuldade se financiassem com taxas menores apoiando-se na solidez financeira de países como a Alemanha, tem numerosos simpatizantes. Essa ideia tinha, por exemplo, sido abordada quando das discussões da crise grega.
Mas, Berlim não quer ouvir falar de uma iniciativa como essa. Segundo Angela Merkel, isso poderia fazer desaparecer todo e qualquer estímulo à disciplina orçamentária. Se, porém, a chanceler alemã quiser ouvir antes de falar de qualquer criação de obrigações europeias o assunto permanece no centro dos debates no além-Reno.
Então, as euro-obrigações seriam a "solução necessária, indispensável e inelutável ?", se interroga o jornal Le Monde em um artigo intitulado "Uma ferramenta que põe fim às divergências das taxas de empréstimos". A introdução dessas obrigações é defendida há meses por numerosos economistas, como uma resposta à crise do euro. Ela introduziria a toque de caixa uma solidariedade econômica e financeira entre os países da zona do euro. -- A criação dessas obrigações acabaria bem com as divergências, pois consistiris em emitir uma dívida comum a todos os países da união monetária, sem que se possa fazer, como hoje, entre um empréstimo oriundo da Itália, da Espanha, da França ou da Alemanha.
Como consequência, os preços dos "eurobônus" e suas taxas de juros -- a remuneração que um credor exige em contrapartida ao risco que assume -- seriam uniformes.
Hoje, no mercado da dívida, a taxa do "bund", empréstimo alemão de 10 anos da Alemanha, um país modelo, é a mais baixa da zona do euro, avizinhando-se de 2,3% ontem (15/8), contra 4,9 para a Espanha, e 14,8% para a Grécia!
Nicolas Sarkozy e Angela Merkel em uma reunião em Bruxelas, no dia 24 de junho (Foto: AFP/ John Thys).
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