Cerca de um terço do gás molecular necessário para a formação das estrelas já foi utilizado, e os céus perdem um pouco de seu brilho, disse Robert Braun, responsável por astronomia e espaço no órgão científico governamental australiano CSIRO. A equipe dele elaborou uma carta das densidades luminosas das galáxias situadas a cerca de cinco bilhões de anos-luz da Terra, e as comparou com o "universo próximo" para estudar seus níveis de gás e suas taxas de criação de estrelas. "Detectamos uma baixa no número de estrelas formadas, numa taxa superior a dez e provavelmente mais próxima de vinte, ou até mesmo de trinta", declarou Braun, cujo estudo deverá ser publicado nas notas mensais da Sociedade Real de Astronomia.
"Ou então se verificou que as essas galáxias (antigas) dispunham de dez vezes mais gás para formar estrelas, comparativamente com hoje. Simplesmente, não vemos tanto gás com o qual se possa formar novas estrelas", explicou Braun à Agência France Presse (AFP).
Há oito bilhões de anos, uma força misteriosa chamada de "energia escura" pelos cientistas prevaleceu sobre a força da gravidade e provocou a expansão do universo. Esse fenômeno afastou as galáxias do local onde poderiam se recarregar de gás, frisou aquele cientista. "O gás que elas poderiam antigamente alcançar está hoje fora de alcance. A taxa de formação de estrelas declinou rapidamente, e continuará a diminuir no futuro", acrescentou Braun.
O escurecimento dos céus é no entanto tão fraco, que não é notado no tempo de uma vida humana. Mas, em um bilhão de anos "as coisas mudam profundamente" nos céus, diz Braun. Se a expansão do universo não se interromper, os terrestres terão noites muito sombrias ... em um futuro remoto.
A cartografia do gás foi iniciada pela astrônoma francesa Françoise Combes, no Instituto de Radioastronomia Milimétrica (IRAM, em francês). Hoje no Observatório de Paris, essa cientista participou do estudo australiano, informou Braun.
Foto da nebulosa Trífida, tomada em 24/7/2009, com o telescópio do Observatório de Saint Martin de Quérière (França) - (Foto: Jean-Pierre Clatot/AFP).
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