A fortaleza onde vivia foi invadida, os rebeldes controlam o aeroporto internacional mais próximo, e líderes mundiais, incluindo o presidente Obama, estão anunciando que seus 42 anos de governo se acabaram. Mas, uma grande pergunta permanece sem resposta: onde está Muamar Kadhafi?
Combatentes rebeldes que vasculharam o vasto complexo de Bab al-Aziziya na capital líbia na terça-feira encontraram caixas com armas e munições, mas nada de Kadhafi. Com o aeroporto internacional de Trípoli também sob o controle das forças do Conselho Nacional de Transição, as opções para uma fuga se estreitaram. Mukthar al-Ahmar, que liderou os rebeldes na tomada do aeroporto, disse que lá houve combates violentos na quarta-feira e especulou que combatentes leais a Kadhafi estavam tentando "garantir uma rota segura para Kadhafi fugir de Trípoli".
"Ele [Kadhafi] não parece ter muito controle de alguma coisa que seja", disse a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Victoria Nuland, aos jornalistas na terça-feira. "É curioso que ele ainda não tenha sido visto". Então, onde Kadhafi pode estar?
O Professor Abubaker Saad, um ex-assessor de Kadhafi, descreveu para a CNN um sistema de bunkers sob a fortaleza de Kadhafi em Trípoli que poderia servir de esconderijo. Entretanto, Saad observou que a OTAN e os EUA haviam bombardeado aquele complexo com bombas antibunker, e por isso duvidava que Kadhafi lá estivesse escondido. "É preciso lembrar que ele é um militar", disse Saad. Ele sabe que eles têm armas que podem penetrar naqueles bunkers, por isso estou descartando a ideia de que ele ainda esteja lá". Saad observou também, que as recentes comunicações públicas de Kadhafi, como um comunicado divulgado pelo rádio e uma noticiada chamada telefônica para a Rússia foram mensagens de áudio para evitar a identificação de seu paradeiro.
Houve especulações de que havia túneis do bunker de Kadhafi até o hotel Rixos, onde cerca de 35 jornalistas estão detidos contra sua vontade por militares de baixa patente leais a Kadhafi. Mas Matthew Chance, da CNN, que está nesse grupo, disse que jornalistas vasculharam o hotel de cima a baixo e não viram nenhuma evidência de passagens secretas.
Autoridades americanas pediram que Kadhafi deixasse claro, não importa onde esteja, que sabe já não é mais líder do país. Os EUA querem que Kadhafi emita um "comunicado afirmativo e confiável" para a comunidade internacional e para aqueles que lhe são leais e ainda lutam em Trípoli, dizendo que "entende que sua liderança acabou, para que cada um possa seguir em frente", disse Nuland. [Acho simplesmente ridículo esse tipo de exigência americana!]
Enquanto não se tem notícia do paradeiro de Kadhafi, pelo menos uma fonte fora da Líbia -- o chefe da Federação Mundial de Xadrez -- disse à agência russa de interfax que falou com ele na terça-feira. De acordo com Kirsan Ilyumzhinov, Kadhafi lhe disse por telefone que "está vivo e bem em Trípoli, e não sairá da Líbia".
Observadores citam três possíveis cenários para o futuro imediato de Kadhafi -- sua morte nas mãos das forças rebeldes, sua captura, ou sua fuga ou exílio em outro país.
Kadhafi e seu segundo filho mais velho, Saif al-Islam Kadhafi, estão indiciados sob a alegação de crimes contra a humanidade Tribunal Criminal Internacional de Haia (Holanda). Países considerados como locais possíveis para exílio de Kadhafi incluem a Venezuela, durante meses objeto de rumores como destino do ex-líder líbio. Kadhafi e o presidente venezuelano Hugo Chávez têm uma estreita relação, forjada em parte pela oposição que compartilham contra a influência dos EUA no mundo. Em 2009, Chávez compareceu junto com Rober Mungabe, do Zimbábue, e o rei Abdullah, da Jordânia, a uma ostentosa comemoração pelos 40 anos de Kadhafi no poder. No mesmo ano, um novo estádio de futebol na cidade de Benghazi, hoje ocupada pelos rebeldes, recebeu o nome do presidente venezuelano.
O Zimbábue é considerado também um possível destino de exílio para Kadhafi, devido a sentimentos compartilhados pelo líbio e por Mungabe: um interesse pela solidariedade pan-africana, um desdém pela influência colonialista, e a ignomínia de serem evitados pela comunidade internacional.
A Arábia Saudita é um país que pode ser um país mais adequado ao jeito beduíno de Kadhafi. Os sauditas acolheram o líder deposto da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, depois da revolta que ajudou a incendiar neste ano o Oriente Média e o norte da África, incluindo a Líbia. No entanto, as relações de Kadhafi com a Arábia Saudita esfriaram desde que os sauditas acusaram os líbios de tentar matar seu rei vários anos atrás, e seria improvável que o rei do deserto aceitasse agora um Kadhafi exilado, disse Christopher Boucek, um especialista em Arábia Saudita da Dotação Carnegie para a Paz Internacional.
Outros países mencionados como destinos possíveis para Kadhafi incluem Cuba, Síria e Sudão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário