A queda de braço entre Obama e o Congresso americano na incrivelmente longa discussão sobre a elevação do teto da dívida pública americana, que levou o país à beira de uma moratória inacreditável e sem precedentes, deixou uma péssima impressão dentro e fora dos EUA. Ela deixou inequívoco para os próprios americanos e para o mundo que, além de um presidente desprestigiado e enfraquecido, os EUA estão à mercê de políticos de baixíssimo nível, tanto democráticos como republicanos (e principalmente estes últimos), que colocam seus interesses pessoais e partidários absolutamente acima dos interesses do país. No melhor estilo terceiromundista, o Congresso americano submeteu a maior potência econômica do planeta a um vexame absurdo e levou a economia mundial a um estresse catastrófico.
No bojo do acordo de última hora que evitou a moratória americana, ficou definida a criação de um painel ou comitê de 12 membros (congressistas) que irá definir e detalhar os cortes e ajustes adicionais a serem aplicados à política econômica no médio e longo prazos. Esse comitê foi constituído na semana passada, sendo composto por 6 democratas e 6 republicanos (3 do Senado e 3 da Câmara de Deputados, para cada partido). Sua primeira reunião se realizará no mês que vem, sob pressões de todos os lados e um ceticismo generalizado quanto à possibilidade de que seus membros a um acordo mutuamente aceitável.
No entanto, em seus primeiros pronunciamentos desde que foram indicados, vários dos participantes do comitê mostraram-se inesperadamente ávidos em encontrar uma base comum de entendimento e em evitar posições rígidas que possam ser difíceis de serem anuladas uma vez iniciada a negociação. O senador Patrick J. Toomey, republicano da Pennsylvannia e um novato favorito do Tea Party, disse a jornalistas na semana passada que, embora não esteja interessado em um "grande aumento de impostos", acha que há áreas nas quais o sistema tributário pode ser mais "sensato". Mencionou que seu recente voto para eliminar os subsídios para os produtores de etanol -- o que alguns conservadores viram como um aumento de impostos -- mostrou que está pronto para transigir.
Os 6 democratas e os 6 republicanos, encarregados por suas lideranças de cortar pelo menos US$ 1,2 trilhão no déficit nos próximos 10 anos, irão se reunir no momento em que as pesquisas indicam que a repulsa ao impasse no Congresso atinge seu nível máximo histórico. A confiança dos americanos na capacidade do governo de resolver os problemas econômicos do país caiu também a níveis alarmantemente baixos, no mesmo instante em que as oscilações do mercado de ações e o rebaixamento da nota da dívida tornam ainda mais evidentes os sérios problemas fiscais do país.
O ceticismo sobre o êxito do comitê origina-se dos fracassos do ano passado. Uma série de negociações entre a Casa Branca e os líderes do Congresso não conseguiu eliminar as divergências fundamentais entre republicanos e democratas, ou gerar o "grande acordo orçamentário" rumo ao qual Obama e presidente da Câmara de Deputados, o republicano John A. Boehner, estiveram discutindo.
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