Até que os especialistas identifiquem o que aconteceu de errado com o essencial foguete Soyuz russo, não há como lançar qualquer astronauta de novo antes que os astronautas que hoje ocupam a EEI tenham que deixá-la em meados de novembro. Essa situação inquietante e perturbadora surge poucas semanas depois do fim dos voos dos ônibus espaciais da NASA.
"Temos inúmeras opções", assegurou ontem o chefe do programa espacial da NASA, Mike Suffredini, a jornalistas. "Estaremos focados na segurança da tripulação, como fazemos sempre". [Me pergunto: há, realmente, "inúmeras" opções, se não houver foguete russo confiável? Fora tirar um ônibus espacial da aposentadoria, que outro recurso resta à NASA?].
Abandonar a estação espacial, mesmo que por um curto período, será um último recurso desagradável para as cinco agências espaciais que passaram décadas trabalhando nesse projeto. Viajando a 27.700 km/h, a EEI completa 15,77 órbitas por dia e é o resultado do trabalho conjunto da Agência Espacial Canadense (CSA/ASC), da Agência Espacial Europeia (ESA), da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), da Agência Espacial Federal Russa (Rokosmos) e da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos EUA (NASA). Astronautas têm vivido a bordo da EEI desde 2000, e o objeto é mantê-la operando até 2020.
Suffredini disse que controladores de voo podem manter uma estação espacial deserta operando indefinidamente, desde que todos os seus principais sistemas estejam operando adequadamente. O risco da estação cresce, no entanto, se não houver ninguém nela para reparar falhas de equipamentos. Atualmente há seis cosmonautas de três países vivendo na EEI. Três devem deixá-la no mês que vem; os outros três devem fazê-lo em meados de novembro. Eles não podem ficar nem um pouco mais, por causa de restrições da espaçonave e de aterrisagem.
O lançamento da próxima tripulação em 22 de setembro -- a primeira a voar depois da era dos ônibus espaciais -- já foi adiado por tempo indefinido. A nave russa Soyuz tem sido por dois anos o único meio de transportar residentes de tempo integral da EEI para cima e para baixo. A cápsula fica estacionada na EEI até que alguém a pilote de volta para casa.
Para manter a EEI com uma equipe completa de seis astronautas durante o máximo de tempo possível, o americano e os dois russos que deveriam retornar à Terra em 8 de setembro terão que permanecer a bordo pelo menos por uma semana a mais. No tocante a suprimentos, disse Suffredini, a estação está bem estocada e pode manter-se até o próximo verão. No último voo dos ônibus espaciais, a nave Atlantis levou no mês passado suprimentos para um ano de operação da EEI. A espaçonave russa não tripulada destruída na quarta-feira levava 3 toneladas de suprimentos.
Por ora, as operações em órbita estão normais, observou Suffredini, e a semana extra na EEI para metade da tripulação significará trabalho de pesquisa adicional.
A Soyuz tem sido extremamente confiável por décadas -- essa foi a primeira falha em 44 transportes russos de suprimentos para a EEI. Mesmo com um retrospecto tão bom, muita gente dentro e fora da NASA ficou preocupada com a retirada dos ônibus espaciais antes que um substituto estivesse pronto para levar astronautas.
Autoridades espaciais russas montaram uma equipe de investigação, e até que ela apresente a causa do acidente e um plano de reparos, os programas de lançamento e aterrisagem permanecem sob questão. Nenhum dos escombros da espaçonave foi ainda recuperado; eles caíram em uma área remota e coberta de florestas da Sibéria. O terceiro estágio do foguete não funcionou direito -- aparentemente, um perda súbita de pressão foi observada entre o motor do foguete e a turbo-bomba.
A Estação Espacial Internacional (Foto: Google).
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