O mapa da violência no Brasil se reconfigurou. Regiões tradicionalmente
violentas no país, como o Sudeste, onde o Rio de Janeiro e São Paulo são
palcos de tiroteios e sequestros, deram lugar ao Nordeste, segundo
reportagem do "New York Times"
desta terça-feira. De acordo com uma pesquisa feita pelo cientista
político José Maria Nóbrega, professor da Universidade Federal de
Campina Grande (PB), nos últimos dez anos o índice de assassinatos no
Nordeste dobrou. No mesmo período, o número de homicídios caiu 47% no
Sudeste.
A reportagem aponta o boom econômico no Brasil como o principal fator
para a migração do tráfico para outras partes do país, uma vez que os
"traficantes buscam novos mercados". Ainda segundo o jornal americano, o
aumento do poder aquisitivo da população até então carente tem
estimulado o tráfico, resultando em conflitos entre facções rivais.
O "New York Times" também fala sobre a devastadora chegada do crack em
Salvador, particularmente na comunidade Nova Constituinte, na periferia
da cidade. E traz dados que mostram que a explosão de violência na
última década se concentra na Bahia e em Alagoas. De acordo com a
reportagem, entre 1999 e 2008, a taxa de assassinatos no estado baiano
cresceu 430%. O jornal americano ainda chama a atenção para o fato de que Salvador é
uma das cidades que vão receber os jogos da Copa do Mundo, em 2014, o
que torna o alto índice de violência ainda mais preocupante, como
mostram relatos de agentes de viagens sobre a repercussão dos crimes na
Bahia.
Em entrevista ao NYT, o governador da Bahia, Jaques Wagner, minimizou as
preocupações com os jogos, lembrando que todo ano o Carnaval no estado
recebe mais de um milhão de turistas, cuja segurança é garantida por 22
mil policiais.
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