A agência de classificação financeira Moody's anunciou ontem que baixou em um nível, para Aa3, a nota da dívida de longo prazo do Japão por causa do endividamento maciço do país, agravado pelo terremoto de 11 de março em sua região nordeste. A dívida japonesa atinge cerca de duas vezes o PIB do país, e cresce a cada ano por meio de emissão de bônus do Tesouro para complementar a receita, que é muito inferior às despesas do governo.
"O rebaixamento da nota é decorrente de importantes déficits orçamentários, e do aumento da dívida pública japonesa depois da recessão mundial de 2009", explicou a Moody's em um comunicado. E a agência acrescenta que "vários fatores fazem com que seja difícil para o Japão reduzir sua dívida em relação ao seu PIB, daí o rebaixamento de sua nota".
É a primeira vez que uma agência de classificação importante rebaixa a nota do Japão depois da catástrofe de 11 de março, agravada por um acidente nuclear na usina de Fukushima. No entanto, no final de maio a Moody's havia alertado de que o país corria esse risco. "O desastre retardou a retomada depois da recessão mundial de 2009, e agravou a deflação. São fracas as perspectivas de crescimento econômico, o que faz mais difícil para o governo atingir os objetivos de redução do déficit e lançar uma vasta reforma do sistema fiscal e das contribuições sociais".
No momento em que o Japão se prepara para nomear, na semana que vem, seu sexto primeiro-ministro em cinco anos, a Moody's cita a instabilidade política como uma das razões para o rebaixamento da nota do país. "No curso dos últimos cinco anos, as mudanças frequentes de dirigentes têm impedido o governo de colocar em ação estratégias econômicas e fiscais que possam ser eficazes e duradouras", sublinhou a agência.
Na sequência de sua decisão, a Moody's anunciou que baixava de um valor, na média, a nota das dívidas de longo prazo de grandes bancos japoneses, como o Mizuho Bank, o Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ, e o Sumitomo Mitsui Banking. Essa revisão levou a Moody's a rebaixar também em um nível, para Aa3, as notas de doze empresas locais e de treze empresas ligadas ao Estado, entre as quais as empresas de rodovias, a administradora do aeroporto internacional de Kansai, e o banco de desenvolvimento do Japão. A agência manteve sob análise, para um possível rebaixamento, as notas de dez companhias de eletricidade e gás, do grupo de telecomunicações NTT e de sua filial NTT Docomo, assim como das empresas ferroviárias.
Por fim, a Moody's continua a avaliar um programa de rebaixamento da nota de seis grupos privados japoneses, entre os quais o principal fabricante de automóveis do país (Toyota), o gigante atacadista Seven I Holdings, e Fujifilm Holdings, todos hoje com a nota Aa3.
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