É muito difícil deixar de usar pelo menos um palavrão para manifestar indignação contra a vergonhosa, escandalosa e absurda decisão de ontem da Câmara dos Deputados de negar a cassação do mandato de Jacqueline Roriz. Em um ato de contravenção explícita, a deputada foi filmada recebendo propina, mas pela ótica boçal de 265 deputados isso não justifica sua cassação porque a contravenção se deu antes que tivesse sido eleita. Ou seja, na visão abjeta e amoral dessa quadrilha de 265 marginais, um indivíduo pode tranquilamente estuprar, assassinar, assaltar, ou o que seja -- se não for condenado pela justiça, mesmo que esteja respondendo a processo, e se eleger deputado ele estará blindado enquanto deputado for!
A Câmara dos Deputados consolida-se assim como o maior valhacouto de marginais do país, no sentido mais amplo e irrestrito dessa expressão. Além de marginais, aqueles 265 deputados são uns covardes, que não têm coragem e hombridade para votar a descoberto e se escondem atrás do biombo imundo, vil e sórdido do anonimato para no fundo se autodefender -- porque, não há a menor dúvida, todos elem têm vida pregressa emporcalhada e não podem abrir um precedente de cassação que pode atingí-los mais cedo ou mais tarde. A instituição do voto secreto no Congresso é coisa de pusilânimes, de gente corajosa apenas da boca p'ra fora e na execução de todos os crimes possíveis e imagináveis contra a ética, os bons costumes e o erário público, mas incapaz de um ato de hombridade e caráter como o simples, porém grandioso, ato de votar abertamente, olhando de frente seus pares e a nação.
Os 265 marginais da Câmara que preferiram proteger a bandoleira Jacqueline Roriz não tiveram também o destemor de se mostrar para seus eleitores, temendo que as urnas possam puní-los numa próxima eleição. Hoje, ouvi pelo rádio do carro um jornalista chamando a Câmara de prostíbulo, e acho que ele está certo, apesar da injustiça que isso representa para os prostíbulos e suas ocupantes -- elas pelo menos não usam máscaras para se esconder quando exercem sua profissão.
O gesto de ontem foi mais um tiro mortal contra a Lei da Ficha Limpa, porque a Câmara está criando e ampliando uma corja de contraventores imunes ao braço da Lei, enquanto tiverem seus diplomazinhos de deputados. A Câmara se enxovalhou de uma vez e, novamente, nos cobriu de vergonha.
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