quarta-feira, 10 de agosto de 2011

França luta contra rumores de rebaixamento da sua qualificação

Ministros franceses tentaram ontem afastar a especulação de que a França pode ser o próximo país importante a perder sua atual nota AAA. Tanto o ministro das Finanças como o do Orçamento deram longas entrevistas no rádio, que pareciam muito mais voltadas para os "vigilantes de bônus" do mercado internacional do que para sua audiência doméstica. Valérie Pécresse, a ministra do Orçamento, disse que a França "não se desviará um milímetro" de sua promessa de reduzir seu déficit orçamentário do ano passado de 7,1%  para 4,6% do PIB no ano que vem e para 3% em 2013.

Se forem necessários "mais esforços" -- i.e, cortes de gastos ou aumento de impostos -- disse a ministra, "então faremos mais esforços". Seu chefe, o ministro das Finanças François Baroin, assumiu um compromisso semelhante e alinhou as razões pelas quais os investidores internacionais não devem temer pela estabilidade econômica da França. "A França tem uma economia diversificada, uma mão de obra qualificada, um sistema bancário forte, e uma das mais altas taxas de poupança no mundo", acresentou ele.

No início desta semana, o Instituto de Economia DIW, com sede em Berlim, alertou que a França poderia ser, depois dos EUA, o próximo país a passar por um rebaixamento por uma das agências internacionais de classificação de sua nota AAA para a dívida soberana (ou governamental). O DIW disse que isso seria a palha que partiria a espinha do euro.

A agência de qualificação Standard & Poor's, que foi amplamente execrada por ter rebaixado a nota da dívida soberana dos EUA na semana passada, disse nesta semana não ver razão para tomar atitude semelhante contra a França. Ela disse que os franceses, diferentemente dos americanos, têm uma política clara de reduzir seu déficit orçamentário. Não obstante, tem havido pressão sobre a dívida francesa nos mercados internacionais. O custo dos swaps de crédito contra default -- apólices de seguro contra um default -- relativos à dívida francesa atingiu níveis recordes nos últimos dias.

Até agora, Paris tem feito menos do que a Grã-Bretanha e até do que a relativamente próspera Alemanha para cortar gastos do governo. A França é um dos poucos entre os países importantes a ter ainda um déficit orçamentário "primário" ou seja, um déficit mesmo depois de excluídos os pagamentos de dívidas antigas.

O governo francês enfrentará decisões difíceis e penosas quando apresentar, nesse outono, seu orçamento para o ano que vem, logo antes da eleição presidencial na primavera que vem. A França paga 50 bilhões de euros por ano de juros sobre dívidas velhas. Seu "déficit" remanescente é de 60 bilhões de euros por ano, que tem todo ele que desaparecer através de cortes de gastos ou aumentos de impostos se Paris quiser atingir sua meta de um déficit igual a 3% do PIB em 2013.


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