A situação na Síria e a política de contemporização praticada pelas potências ocidentais, a ONU, e etc, em relação aos assassínios e violações dos direitos humanos reiteradamente cometidos pelo governo do ditador Assad são desses cenários que atestam a hipocrisia e a covardia com que aquelas potências lidam com fatos dessa gravidade. O Ocidente não teve peito de dar à Síria o tratamento militar dado à Líbia (onde a OTAN está toda encalacrada, sem conseguir derrubar o governo local), embora sejam inúmeras as identidades entre as barbáries dos dois regimes, e enquanto isso o povo sírio é criminosamente rechaçado em suas pretetensões democráticas. Nesse meio tempo, esboçam-se tentativas de refrear pela via diplomática a violenta reação do governo sírio.
O grupo de diplomatas do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) se reuniu na manhã desta quarta-feira com o ditador Bashar Assad e com o chanceler sírio Walid Muallem na capital Damasco.
O Brasil foi representado pelo subsecretário-geral para Oriente Médio do Itamaraty, embaixador Paulo Cordeiro.
Alguns dos objetivos dos representantes do Ibas eram reiterar a
preocupação internacional com a violência no país e encorajar o governo
sírio a prosseguir com as reformas.
Às 16h (10h de Brasília) os diplomatas do grupo se reuniram para escrever um comunicado conjunto sobre o resultado da reunião.
Um resumo sobre o encontro também deve ser apresentado pelas delegações
dos três países a uma reunião do Conselho de Segurança (CS) da ONU ainda
nesta tarde em Nova York.
Os 15 países-membros do CS vão se reunir para a apresentação de um relatório
do secretário-geral Ban Ki-moon sobre a situação da Síria. A reunião estava prevista em declaração presidencial do Conselho de Segurança aprovada na última semana.
O regime de Assad enfrenta desde 15 de março uma onda de protestos que
já matou 1.600 civis em todo o país. Parte da onda de revoltas iniciada
na Tunísia, a revolta exige maior democracia no país. Desde o início do
mês de jejum muçulmano do Ramadã, em 1º de agosto, as manifestações são
cotidianas. Somente na terça-feira, ao menos 21 manifestantes morreram
em várias cidades do país, segundo ativistas.
O regime nega a repressão aos manifestantes civis da oposição e diz que
enfrenta grupos armados que querem desestabilizar o regime. A Síria
proíbe ainda a entrada de jornalistas estrangeiros, o que dificulta
obter dados independentes.
Assad quebrou o protocolo em Damasco e decidiu receber a missão de embaixadores da Índia, Brasil e África do Sul (IBAS) para discutir a violência no país árabe. Segundo ele, a Constituição ainda será revista até março de 2012, mas
admitiu que "alguns erros" foram cometidos pelas forças de segurança ao
lidar com os manifestantes. Assad garantiu ainda que até o final do ano a
Síria será um país "livre, pluralístico e uma democracia
multipartidária".
Informações obtidas pelo Estadão.com.br confirmam que a
missão esperava se reunir apenas com a chancelaria síria, mas foi
surpreendida ao receber o convite de Assad para um encontro.
Da parte do Brasil, o governo insistiu que estava "seriamente
preocupado" com a situação na síria e condenou a violência. O Itamaraty
pediu "fim de toda a violência e pediu a todos lados o respeito aos
direitos humanos". Para completar, o governo brasileiro apelou para que a Síria aceite a
entrada de uma missão da ONU para avaliar a situação dos Direitos
humanos.
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