quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Ditador sírio recebe diplomatas do Brasil, Índia e África do Sul

A situação na Síria e a política de contemporização praticada pelas potências ocidentais, a ONU, e etc, em relação aos assassínios e violações dos direitos humanos reiteradamente cometidos pelo governo do ditador Assad são desses cenários que atestam a hipocrisia e a covardia com que aquelas potências lidam com fatos dessa gravidade. O Ocidente não teve peito de dar à Síria o tratamento militar dado à Líbia (onde a OTAN está toda encalacrada, sem conseguir derrubar o governo local), embora sejam inúmeras as identidades entre as barbáries dos dois regimes, e enquanto isso o povo sírio é criminosamente rechaçado em suas pretetensões democráticas. Nesse meio tempo, esboçam-se tentativas de refrear pela via diplomática a violenta reação do governo sírio.

O grupo de diplomatas do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) se reuniu na manhã desta quarta-feira com o ditador Bashar Assad e com o chanceler sírio Walid Muallem na capital Damasco. O Brasil foi representado pelo subsecretário-geral para Oriente Médio do Itamaraty, embaixador Paulo Cordeiro.

Alguns dos objetivos dos representantes do Ibas eram reiterar a preocupação internacional com a violência no país e encorajar o governo sírio a prosseguir com as reformas.  Às 16h (10h de Brasília) os diplomatas do grupo se reuniram para escrever um comunicado conjunto sobre o resultado da reunião. Um resumo sobre o encontro também deve ser apresentado pelas delegações dos três países a uma reunião do Conselho de Segurança (CS) da ONU ainda nesta tarde em Nova York. Os 15 países-membros do CS vão se reunir para a apresentação de um relatório do secretário-geral Ban Ki-moon sobre a situação da Síria. A reunião estava prevista em declaração presidencial do Conselho de Segurança aprovada na última semana.

O regime de Assad enfrenta desde 15 de março uma onda de protestos que já matou 1.600 civis em todo o país. Parte da onda de revoltas iniciada na Tunísia, a revolta exige maior democracia no país. Desde o início do mês de jejum muçulmano do Ramadã, em 1º de agosto, as manifestações são cotidianas. Somente na terça-feira, ao menos 21 manifestantes morreram em várias cidades do país, segundo ativistas.  O regime nega a repressão aos manifestantes civis da oposição e diz que enfrenta grupos armados que querem desestabilizar o regime. A Síria proíbe ainda a entrada de jornalistas estrangeiros, o que dificulta obter dados independentes.

Assad quebrou o protocolo em Damasco e decidiu receber a missão de embaixadores da Índia, Brasil e África do Sul (IBAS) para discutir a violência no país árabe. Segundo ele, a Constituição ainda será revista até março de 2012, mas admitiu que "alguns erros" foram cometidos pelas forças de segurança ao lidar com os manifestantes. Assad garantiu ainda que até o final do ano a Síria será um país "livre, pluralístico e uma democracia multipartidária".

Informações obtidas pelo Estadão.com.br confirmam que a missão esperava se reunir apenas com a chancelaria síria, mas foi surpreendida ao receber o convite de Assad para um encontro.

Da parte do Brasil, o governo insistiu que estava "seriamente preocupado" com a situação na síria e condenou a violência. O Itamaraty pediu "fim de toda a violência e pediu a todos lados o respeito aos direitos humanos". Para completar, o governo brasileiro apelou para que a Síria aceite a entrada de uma missão da ONU para avaliar a situação dos Direitos humanos.



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