quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O que faz cair as Bolsas?

Depois do rebaixamento dos EUA pela agência Standard & Poor's (S&P) na sexta-feira, os principais atores internacionais têm multiplicado as declarações tranquilizadoras sobre os mercados. Mas, não conseguiram seu objetivo. No primeiro dia de cotação depois do anúncio do rebaixamento da nota americana as bolsas outra vez caíram fortemente.

O CAC40 (índice da bolsa de Paris) registrou na segunda-feira sua décima-primeira queda consecutiva, um recorde histórico, e continuava a afundar na terça-feira. "Os investidores têm cada vez mais a impressão de que se caminha para mais além da crise financeira, na direção de um risco sistêmico, e isso autossustenta o vento de pânico que sopra sobre os mercados", resume Renaud Murail, gerente do Barclays Bolsa, que evoca um "cenário de desânimo".

A Standard & Poor's quebrou um tabu ao retirar a prestigiosa nota "AAA" da maior potência econômica mundial. "O rebaixamento da nota americana suscita os piores cenários para a economia mundial", comenta Eric Edelfelt, gestor de ações no Meeschaert Gestion Privée em Paris. "Pode-se imaginar qualquer coisa, como o rebaixamento das notas dos países da zona do euro".

O anúncio da S&P foi feito depois das indecisões dos responsáveis americanos relativas ao teto da dívida dos EUA. "Sem muita surpresa", a S&P antecipou "as perspectivas sombrias que pesam sobre a situação fiscal dos EUA", enfatiza o banco francês Natixis. Igualmente sem surpresa, a S&P rebaixou na segunda-feira a nota de vários gigantes do sistema financeiro americano, como a Fannie Mae, a Freddie Mac (ambas do setor imobiliário), e de cinco companhias seguradoras americanas.

Mas, segundo vários analistas, mais que os temores ligados à dívida americana o que explica o nervosismo dos mercados é a inquietude generalizada diante do desaquecimento da economia mundial. A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) assinala que "surgiram sinais mais fortes de inversão dos ciclos de crescimento nos EUA, e na Rússia" em junho com relação a maio. Os indicadores para o Canadá, a França, a Alemanha, a Itália, o Reino Unido, o Brasil, a China, e a Índia "continuam a apontar para um desaquecimento da atividade econômica", diz a organização.

Os analistas do Natixis avaliam, na realidade, que "devem ser limitadas as consequências sobre a capacidade de refinanciamento do governo americano", tendo em vista a atração que os bônus do Tesouro americano continuam a exercer sobre os investidores. "A realidade é que a dívida americana é sempre um bom investimento. Os EUA são a economia desenvolvida mais diversificada, líquida e maleável, e os obrigacionistas (= debenturistas) detêm a invejável posição de serem o maior mercado do mundo", diz uma nota da Briefing Research.

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