A cirurgia é indicada para pacientes com Índice de Massa Corpórea acima de 35 ou 40, quando há presença de outras doenças associadas à obesidade. O procedimento extirpa uma parte do estômago ou do intestino e ainda pode recorrer a intervenções no aparelho digestivo (no Brasil, são aprovadas quatro modalidades cirúrgicas).
"O número de obesos aumentou, a informação sobre a cirurgia aumentou e tivemos um grande avanço, que foram as operações por laparoscopia", diz Ricardo Cohen, presidente da SBCBM. "Elas tornaram o processo mais confortável, com menos dor e uma volta mais rápida ao trabalho", acrescenta Cohen. "Tudo isso atrai mais procura." Segundo o cirurgião, o país fica atrás apenas dos Estados Unidos no ranking mundial – os americanos estão de longe na frente, com cerca de 300 mil cirurgias do tipo realizadas em 2010. Cohen diz ainda que, enquanto a crise econômica levou a uma queda no número de cirurgias nos Estados Unidos no ano passado, a tendência no Brasil é de crescimento, acompanhando a demanda.
Apesar do aumento da procura, o salto no número de cirurgias também é visto com ressalvas. Para o endocrinologista Gerson Noronha Filho, professor da Uerj, a situação reflete um "grande fracasso" no tratamento de obesos, que só deveriam ser encaminhados para cirurgia em casos extremos. "É um procedimento radical, que corta uma área brutal do estômago", diz o médico. "Essas soluções finais, únicas, desumanizam o indivíduo. As soluções não devem ser únicas, devem ser múltiplas, pensadas diante do quadro que o indivíduo apresenta."
Noronha atende obesos mórbidos no centro de pesquisas clínicas (Clinex) da Uerj e ressalta a importância de conhecer a história por trás de cada caso. "A grande razão do fracasso (no tratamento) é que o obeso nunca está sozinho", afirma. "Há sempre alguém que alimenta esse gordo, sempre um par magro. A medicina precisa trazer essa dupla para o tratamento, mas tem dificuldades em fazer isso porque envolve um tratamento multidisciplinar."
De acordo com a SBCBM, o tratamento clínico tem eficácia em 10% dos casos, enquanto a intervenção cirúrgica soluciona 85% deles. As estatísticas ajudam a explicar o interesse em torno do procedimento, inclusive em blogs, fóruns de discussão e redes sociais. No Orkut, por exemplo, a comunidade "Cirurgia Bariátrica – Eu fiz!" tem mais de 7 mil membros. Já a "Cirurgia Bariátrica – Vou fazer!" tem pouco mais de 2 mil.
O procedimento é caro. De acordo com a SBCBM, o custo varia de R$ 10 mil a R$ 15 mil (a cirurgia aberta) e pode chegar à faixa de R$ 15 mil a R$ 25 mil (videolaparoscopia). Com internação e as cirurgias plásticas que precisam ser feitas posteriormente para reduzir a pele flácida, Noronha estima que o valor fique entre R$ 30 mil e R$ 50 mil.
Aline se diz realizada, após se submeter à cirurgia e perder 37 quilos nos últimos cinco meses (Foto: BBC Brasil).
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