O que não faltou foram dores de cabeça financeiras em escala global, na semana que hoje finda. E o rebaixamento da avaliação dos EUA pela agência Standard & Poors (S & P) fez as coisas ficarem ainda mais perigosas, e líderes financeiros pelo mundo afora estão preocupados com o que acontecerá uma semana depois que 2,5 bilhões de dólares desapareceram das bolsas.
As conversações já começaram, e se espera uma atividade frenética antes que os mercados asiáticos abram amanhã. Primeiro, os sinais dos mercados do Oriente Médio hoje não foram bons, embora, para ser honesto, as bolsas do Golfo não tenham despencado "tanto quanto no auge das preocupações em relação à insatisfação política" no começo do ano, observa o Financial Times. O mercado de Tel Aviv viveu a maior queda da região, com seu índice de referência caindo 6,9%, a maior queda em 11 anos. Por outro lado, Dubai caiu 3,7% enquanto o Egito caía 4,2% e a Arábia Saudita "recuperou em grande parte as fortes perdas sofridas no sábado", quando sua bolsa principal caiu 5,5%, diz o Financial Times (FT).
Hoje de manhã, representantes do G-20 se anteciparam e as economias emergentes fizeram uma conference call (conversação telefônica, com participação simultânea de mais de um interlocutor de um dos lados, ou de ambos os lados) para discutir maneiras e medidas com as quais possam minimizar o choque nos mercados, informou a Coréia do Sul. Há também informações de que o G-7, que reúne as principais economias do mundo, fará o mesmo antes que os mercados asiáticos abram amanhã, informa a agência noticiosa Associated Press. E, naquela que pode ser a mais importante dessas conversações, o conselho de administração do Banco Central Europeu fará também uma conference call para decidir se comprará bônus italianos para tentar impedir que a crise da dívida da zona do euro se espalhe.
Se os Bancos Centrais da Europa decidirem comprar rapidamente bônus italianos, "isso provavelmente provocaria um alívio imediato significativo para os mercados globais. Se não fizerem nada, ocorrerá o oposto", observa a agência noticiosa Reuters. Joe Weisenthal, do site Business Insider, observa que enquanto o rebaixamento que a S & P fez da nota dos EUA pode estar monopolizando todas as manchetes, "esta noite e amanhã o assunto é a Itália". Obviamente, isso não quer dizer que o rebaixamento feito pela S & P seja irrelevante, já que, em última instância, ele fez com que tudo ficasse mais urgente.
Apesar desse downgrade dos EUA pela S & P, "as indicações iniciais eram de que as autoridades globais manteriam suas posições em títulos da dívida dos EUA", comenta o Financial Times. Independente disso, a maioria espera que amanhã o dólar caia e os rendimentos do Tesouro (americano) aumentem. Nesse ínterim, a S & P tomou a rara decisão de se defender contra os que criticaram sua decisão, qualificando como um "desastre" o debate sobre o teto da dívida e alertando que os EUA poderão sofrer mais rebaixamentos no futuro, destaca o New York Times. Autoridades da Casa Branca e do Tesouro continuaram criticando a S & P no fim de semana, dizendo que sua conclusão se baseou em uma contabilidade errada. Gene Sperling, diretor do Conselho Econômico Nacional, da Casa Branca, emitiu um dos comunicados mais contundentes, chamando a conduta da S & P de "surpreendente" e acrescentando que "essa conduta tem as características de uma instituição que parte de uma conclusão e forja quaisquer argumentos que possam se ajustar a ela". Nesse meio tempo, o The Washington Post registra que o histórico rebaixamento fez com que "a Casa Branca entrasse em erupção ... nos exatos confrontos partidários mencionados pela S & P como sendo a origem primeira de sua decisão". Candidatos presidenciais republicanos, em particular, associaram o rebaixamento a Obama. "Aconteceu sob sua guarda, Sr. Presidente", disse a deputada e candidata potencial à presidência Michele Bachmann -- "o Sr. esteve ausente sem permissão oficial, o Sr. foi dado como desaparecido em combate", acrescentou ela.
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