"Essa questão não tem nada de engraçada", disse Lellouche, depois de uma reunião com o embaixador alemão Reinhard Schäfers. "É preciso que nossos produtores participem plenamente do catálogo e da exposição da feira", acrescentou o secretário, enfatizando que a indústria do foie gras na França envolve 35.000 empregos. Antes dele, em uma carta à sua contraparte alemã Ilse Aigner, o ministro da agricultura francês Bruno Le Maire ameaçou não participar da abertura da feira se o foie gras não fosse aceito nela, classificando a medida de "inaceitável" e "injustificada". Ele lembrou à ministra alemã da Alimentação que a França "aplica rigorosamente a regulamentação da Comunidade Europeia sobre bem-estar animal". Acho isso muito questionável -- quem vê um ganso ser alimentado à força, com um funil enfiado na garganta, não pode concordar e aceitar que isso atende ao "bem-estar" dessa ave.
A feira internacional de Anuga, realizada de dois em dois anos, se apresenta como a mais importante feira mundial de produtos alimentícios, e a revolta contra os seus organizadores partiu dos produtores do sudoeste da França, preocupados com a hipótese de ficarem fora desse mercado dois meses antes das festas de fim de ano. Neste ano, a feira se realizará de 8 a 12 de outubro.
"Não dissemos que 'proibimos o foie gras', mas simplesmente que Anuga não é uma plataforma para o foie gras", considerando que a Alemanha não o produz, declarou à AFP a porta-voz da feira de Colônia, Christine Hackmann. "Não queremos decidir se o foie gras é um produto bom ou ruim", acrescenta ela. "Mas, na maioria dos países da Europa e não apenas na Alemanha, é proibida a produção de foie gras e isto não podemos ignorar". Segundo ela, a decisão de proibir o foie gras foi tomada em 2009 -- "na época havia uma certa comoção dos visitantes em relação a isso". -- "Não existe apenas Anuga", sublinhou Christine Hackmann, "há outras possibilidade para o foie gras participar de outras feiras".
Brigitte Gothière, militante da associação francesa Stop Gavage (literalmente, "Parem com a alimentação forçada"), aplaude a decisão de Anuga. "A feira de Colônia exerce corretamente seu direito", sublinha ela. "O foie gras produzido na França não está de acordo com a legislação europeia ... os produtores franceses ainda utilizam pequenas gaiolas nas quais os gansos não podem mover-se", o que contraria a legislação mais recente que entrou em vigor em 1 de janeiro de 2011, diz a militante.
Para o presidente nacional dos produtores de foie gras, Phillippe Baron, "a proibição vem dos vegetarianos. Hoje é o foie gras, amanhã será outra coisa, porque, de qualquer maneira, essa gente é contra toda exploração e toda produção animal".
Essa decisão, e outras tomadas pela União Europeia, "trazem um risco enorme para uma atividade econômica e uma tradição que são fundamentais para a França como um todo e, especialmente, para o nosso sudoeste", alertou o chefe da organização Caça, Pesca, Natureza e Tradição, Frédéric Nihous, que denuncia os "extremistas que são contra a alimentação forçada".
Manifestação em Estrasburgo em 30 de maio de 2011 de militantes da organização de proteção animal Peta contra a alimentação forçada de patos e gansos (Foto: Fréderic Flori/AFP/Arquivos). Nos cartazes se lê: "1 foie gras = 1 ave torturada" -- "gaiola + alimentação forçada = tortura" -- "Menu - Fígado doente de uma ave torturada".
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