O Brasil se encontra nos últimos meses na "invejável posição de observador das loucuras do mundo desenvolvido", mas ainda enfrenta o desafio de "como administrar seu próprio sucesso", segundo afirma artigo
publicado nesta quarta-feira pelo jornal econômico britânico Financial Times.
"Um esforçado mercado emergente há uma década, o Brasil é hoje uma
imagem de estabilidade macroeconômica e política comparada com seu antes
subjugador parceiro do Norte e as antigas potências coloniais da
Europa", observa o jornal.
O texto observa que o pais é hoje credor dos Estados Unidos, tem mais de
US$ 327 bilhões em reservas em moedas estrangeiras, uma economia em
crescimento e o desemprego em seu nível mais baixo. "Ainda assim, com o mundo desenvolvido mostrando tendências antes
associadas com os mercados emergentes, o desafio para o Brasil é como
administrar seu sucesso", diz o artigo, assinado pelo correspondente do
jornal em São Paulo. O texto comenta que o governo brasileiro já tomou várias medidas para
tentar conter o fluxo excessivo de divisas, que fortalece o real e reduz
a competitividade da indústria brasileira, reduziu o Orçamento para
conter o excesso de gastos públicos e também elevou por cinco vezes
neste ano as taxas básicas de juros para evitar a inflação fora de
controle.
Além disso, o governo também adotou medidas para conter o crédito e o
crescente endividamento da classe média. O jornal observa ainda que a
presidente Dilma Rousseff vem promovendo demissões no Ministério dos
Transportes em resposta a denúncias de corrupção. Apesar de isso tudo, o artigo afirma que ainda restam muitos desafios ao
Brasil - "um mercado de trabalho reduzido, um sistema de educação fraco
e a falta de trabalhadores capacitados estão elevando os salários
enquanto a infraestrutura precária eleva os custos", relata o jornal.
O artigo diz ainda que os níveis de endividamento das famílias parecem
insustentáveis e que o Brasil precisa "tomar cuidado para não enterrar
sua nova classe média sob tanta dívida que quando o próximo período de
retração chegar, ela volte à pobreza". O jornal complementa a lista de problemas ao afirmar que "o custo dos
negócios é proibitivo, em parte por causa dos altos impostos e custos
trabalhistas" e observa que "embora os preços das commodities tenham
aumentado, os volumes de exportação não aumentaram" e que o Brasil vem
usando principalmente essa fonte de recursos do boom das commodities
para aumentar a quantidade de importações.
"O Brasil pode se sentir orgulhoso de si mesmo com justiça. Mas
precisará manter a vigilância para garantir que não semeie as sementes
da próxima crise durante o presente período de prosperidade", conclui o
artigo.
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