A companhia chinesa Lenovo, segunda maior fabricante de computadores do
mundo, atrás apenas da Hewlett-Packard (HP), pretende investir US$ 30 milhões para construir uma fábrica no Brasil. Com a unidade, que está
sendo instalada em um condomínio empresarial de 50 mil m2 na
cidade de Itu (SP), a Lenovo passará a produzir seus equipamentos no
país, substituindo os acordos de manufatura terceirizada mantidos com a
Flextronics e a Compal, especializadas na fabricação de eletrônicos sob
encomenda.
No mesmo local será instalado um centro de distribuição e o estoque de
componentes da companhia. A previsão é que a fábrica da Lenovo entre em
operação em janeiro. Em dois anos, a unidade pode chegar a 700
funcionários diretos, além de dois mil indiretos. Ao trazer a produção "para dentro de casa", a companhia pretende
aumentar a velocidade de entrega dos produtos aos clientes e elevar o
número de modelos disponíveis no país. O objetivo é preencher lacunas em
sua oferta e ter máquinas que atendam a vários perfis de consumo - de
equipamentos avançados para empresas até PCs com preços acessíveis para o
varejo.
Com isso, a Lenovo pretende aumentar seu volume de vendas e chegar à
liderança do mercado brasileiro de computadores. Hoje, a Lenovo ocupa a
sétima colocação, informou a empresa, atribuindo o dado à consultoria
IDC. "O Brasil é o único país do Bric [o bloco de países formado por
Brasil, Rússia, Índia e China] onde ainda não ocupamos essa colocação. E
nós vamos atingi-la", disse ao Valor, por telefone, Dan Stone, executivo israelense que assumiu o comando da filial brasileira da Lenovo no começo da semana.
Stone substituiu o chinês Xia Li, que ficou dois anos no cargo. Aos 36
anos, Stone chegou à Lenovo em 2007. Desde o início de 2011, era o
principal responsável pela definição da estratégia global da fabricante.
Segundo ele, essa experiência será um componente importante nos planos
de expansão da companhia. "Por conhecer bem a empresa e seus principais
executivos, posso ter um papel importante na definição dos
investimentos", disse o executivo. De acordo com Stone, a estratégia
para o Brasil tem um horizonte de dois a três anos para ser executada.
A expansão no Brasil é um plano antigo da Lenovo. Em 2008, a
companhia chegou a fazer uma oferta pela brasileira Positivo, maior
fabricante nacional de PCs, com forte presença no varejo e na área
governamental. O negócio não foi concluído, mas posteriormente surgiram
vários rumores de que estaria novamente em pauta. Stone não quis
comentar sobre a estratégia de aquisições da Lenovo.
O interesse no país está relacionado ao rápido crescimento do mercado de
PCs. O Brasil é hoje o terceiro maior mercado de computadores do mundo,
atrás da China e dos Estados Unidos. A estimativa da Fundação Getúlio
Vargas de São Paulo (FGV-SP) é que o número de máquinas em funcionamento
no país atinja a proporção de uma por habitante em 2017. Atualmente, é
de um PC para dois habitantes. Os principais competidores são Positivo,
HP e Samsung. De acordo com Ricardo Pagani, diretor responsável pela cadeia de
suprimentos da Lenovo, a fabricação própria terá impacto mais forte na
operação a partir de 2013. Antes do início da produção, porém, a
companhia já pretende aumentar a linha de produtos vendidos no Brasil.
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