Navegadores de GPS convencionais costumam mostrar o trajeto mais curto, mas nem sempre exibem o mais rápido. Fatores como engarrafamentos, obras e acidentes recém-ocorridos podem ser mais relevantes para quem tem pressa do que a distância a ser percorrida.
Um aplicativo de GPS para iOS e Android, o Waze, com cerca de 20 milhões de usuários no mundo, calcula as rotas mais rápidas com base em dados de tráfego enviados pelos próprios usuários, constantemente atualizados. Ele tende a desviar de vias em que usuários acusam tráfego intenso quando há alternativas mais viáveis. "É o equivalente a uma Wikipédia para o trânsito", diz Uri Levine, criador do app.
Telas do aplicativo Waze -- clique na imagem para ampliá-la -- (Fonte: Divulgação).
O Waze, que chegou ao Brasil em junho com um mapa completo do país, é um
de vários aplicativos que integram recursos sociais às funcionalidades
comuns do GPS.
Há alguns dias, foi lançado nos EUA o Twist, para iOS. Desenvolvido por
Mike Belshe, um dos criadores do browser Chrome, ele é semelhante ao
Glympse, app para Android, iOS e Windows Phone (fora do Windows
Marketplace brasileiro, por enquanto).
Com ambos os apps, o usuário compartilha com amigos o trajeto que está
fazendo em tempo real. Contatos adicionados recebem por e-mail um link
para ver o percurso, com uma estimativa de quando a pessoa chegará ao
destino.
Diferentemente de ferramentas como o Google Latitude (para várias
plataformas) e o Find My Friends (para iOS), o Twist e o Glympse se
propõem a responder não só à pergunta "onde você está?", mas também a
questões como "você está vindo?" e "a que horas você vai chegar?".
Apesar de não deixar ver a evolução do trajeto em tempo real, o Waze
também permite compartilhar estimativas de chegada --e elas tendem a ser
mais precisas que as do Twist e do Glympse, por considerarem o
trânsito.
A confiabilidade do Waze depende, no entanto, da base de usuários. No
Brasil, cerca de 480 mil pessoas têm o aplicativo, metade delas na
cidade de São Paulo. Em Israel, onde fica a sede do serviço, são 2
milhões.
Lá, o mapa foi todo construído pelos usuários --o app desenha rotas
ainda não registradas à medida que carros passam por elas. No Brasil,
para acelerar a adesão, o Waze gerou mapas em parceria com a empresa de
mapas digitais Multispectral.
Assim como alguns aparelhos de GPS convencionais, o Waze pode enviar
alertas sobre radares, e usuários podem avisar sobre a presença de
policiamento.
Nesse sentido, ele é menos completo do que o Trapster, app com mais de
16 milhões de usuários no mundo todo cujo foco são alertas do tipo.
O Trapster (para iOS, Android e Windows Phone) tem em seu registro quase
6 milhões de radares em diversos países. Outros 21 tipos de alertas são
possíveis, como avisar sobre um animal morto na pista. "É uma versão
high-tech da piscada de faróis para aletar sobre incidentes", diz o site
do aplicativo.
Mão na roda - clique na imagem para ampliá-la -- (Ilustração: Folha de S. Paulo).
CORRIDA: APPS X GPS
Deixamos a sede da Folha, no centro de São Paulo, às 16h29 de uma
quarta-feira, com destino a um endereço na Vila Sônia (zona sul), em
carros diferentes. Um deles seguia o percurso recomendado pelo Google
Maps e pelo aparelho de GPS do motorista. O outro era ajudado pelos apps
Trapster e Waze.
Logo no começo, uma esperteza do Waze: ele sugeriu que fugíssemos da rua
da Consolação, que estava com tráfego intenso, e déssemos a volta pela
marginal Tietê.
O percurso sugerido seria de 24 km, cerca de 11 km a mais que a rota
pela Consolação, mas menos demorado. Chegaríamos ao destino às 17h20,
dizia o Waze.
O Trapster, que não sugere rotas, só endossava os dados do Waze sobre a
intensidade do tráfego. Ele apontava corretamente a presença da maioria
dos radares. O Waze deixava passar quase todos.
Usamos também apps para compartilhar na web o percurso em tempo real: o
Glympse para o carro que fazia a rota do Waze e o Twist para o outro.
Ambos faziam previsões pouco realistas do tempo de viagem --diziam que
ela demoraria menos de 30 minutos.
O Waze estimou que a viagem do carro conduzido por suas sugestões
levaria 51 minutos. Ela levou 53. O carro sem os aplicativos chegou 15
minutos depois, às 17h37.
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