[Sempre que vejo, leio ou ouço o ministro Guido Mantega se pronunciando e deitando falação, e o comparo com os ministros da Fazenda pré-PT, fico imaginando se alguém fora Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata (NPA), poderia sacar da cartola alguém desse perfil e com esse conteúdo para um ministério dessa importância -- e essa figura há ano e meio tem o endosso da nossa ex-guerrilheira. Não sei porquê, fico imaginando que em qualquer exame psicotécnico de mais de 2 minutos Mantega deve começar a suar em bicas e caminhar célere para uma encefalite.
De uma dileta amiga recebi uma pérola de auto-retrato escrito de Mantega, de 1994, analisando o Plano Real com sua costumeira opacidade mental, que só fez ampliar-se desde então (ela é gasosa, ocupa o espaço que se lhe der). O pronunciamento de Guido Mantega foi publicado na Folha de S. Paulo de 12/7/1994. Aí vai o peteleco da nossa "sumidade". O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]
As fantasias do real
Guido Mantega (Folha de S. Paulo - 12/7/1994)
Diga-se o que quiser do Plano Real, pelo menos num aspecto ele foi bem
sucedido. Conseguiu excitar a imaginação popular e passar a impressão de
algo novo e diferente dos planos anteriores.
Os arquitetos do real não pouparam sua imaginação para lançar velhas
idéias com aparência de novas, como o Comitê da Moeda, Banco Central
independente, ou a dolarização com conversibilidade, mesmo que nada
disso tenha sido utilizado. Chegaram ao ponto de reinventar os reis ou reais, uma nova moeda
fantasiada do dólar e garantida por um lastro que não exerce nenhum
papel prático, uma vez que o real não é conversível, a não ser o de dar a
impressão de que o real vale tanto quanto a moeda norte-americana.
E todo esse barulho para quê. Para vestir com roupagens sofisticadas e
muitos truques de ilusão, mais um ajuste tradicional, calcado no corte
de gastos sociais, numa contração dos salários, num congelamento do
câmbio e outros ativos e, sobretudo, num forte aperto monetário com
taxas de juros estratosféricas.
A parte mais imaginativa do plano, que foi a superindexação da economia
pela URV, revelou-se a mais perversa, porque passou a idéia de que os
salários estavam sendo perfeitamente indexados e resguardados da
inflação. Quando, na verdade, foram colocados em desvantagem na
conversão para a URV em relação a preços, tarifas e vários outros custos
e ainda perderam os reajustes automáticos que a lei salarial lhes
garantia.
De primeiro de julho em diante os salários serão pagos em real, que tem a
aparência de ser uma moeda indexada, como se tivesse herdado as
virtudes da URV, porém é uma moeda desindexada e totalmente vulnerável a
corrosão inflacionária do real. A regra de conversão dos salários pela média e dos preços, tarifas e
outros custos pelo pico, matou dois coelhos de uma só cajadada. Reduziu
preventivamente a demanda dos assalariados, que poderia aumentar com a
queda brusca da inflação e comprimiu os custos salariais, dando uma
folga para os preços.
Com esses artifícios os preços têm chance de apresentar alguma
estabilidade por algum tempo, porque desfrutarão de um conjunto de
custos estáveis, como salários, tarifas, matérias primas importadas,
aluguéis e tudo o mais que foi congelado por até 12 meses, sem a
aparência de estar congelado. E aqui também a ilusão funcionou, porque vendeu-se a idéia de que o
plano não utilizou o congelamento, quando, na verdade, congelou o
câmbio, tarifas, aluguéis e contratos. Só não congelou mesmo os preços e
deixou os salários no limbo de um semicongelamento, com o ônus de
correr atrás do prejuízo que será causado pela inflação do real.
Portanto, mais do que um plano eficiente e bem concebido, o real é um
jogo de aparências, que pode durar enquanto não ficar evidente que as
contas do governo não vão fechar por causa dos juros altos, que o
mercado sozinho não é capaz de conter os preços dos oligopólios sem uma
coordenação das expectativas por parte do governo, que os salários não
manterão o poder aquisitivo por muito tempo, que o real não vale tanto
quanto o dólar. [É neste longo parágrafo que Mantega se mostra em sua verdadeira grandeza nanométrica, e se perpetua como o grande profeta míope e rebotado do PT.]
Mas não se deve subestimar a eficiência das aparências e dos jogos de
prestigiação nas artimanhas eleitorais. As remarcações preventivas dos
preços, junto com os congelamentos, permitirão uma inflação moderada em
julho e, talvez, uma ainda menor em agosto, numa repetição da trajetória
dos preços por ocasião da implantação da URV, que subiram muito em
fevereiro, na véspera da fase dois, elevando os índices de inflação de
março, e depois caíram em abril e só voltaram a subir em maio e junho.
A questão é saber em quanto tempo o grosso da população irá perceber que
uma inflação moderada por si só, acompanhada por um aperto monetário e
recessão, não melhora sua situação, não cria empregos e, na ausência de
uma lei salarial e correções automáticas, pode ser tão deletéria quanto
uma inflação de 30% a 40% com indexação.
[Sem comentários ...]
É verdade: Guido Mantega: de profeta fracassado em 1994 a ministro FRACASSADO da Fazenda do PT. Enquanto o dolar se encontrava em baixa..., isso era bom pro Brasil. Quando agora o dolar vai se valorizando, isso também é bom pro Brasil. Claro é que as situações econômicas variam no tempo, mas o ministro... não! Essa espécie de profeta explica mal o passado e antecipa pessimamente o futuro.
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