A Vale deu início ontem ao seu programa de biodiesel ao inaugurar uma
usina de produção de óleo de palma (dendê), no município de Moju, no
Pará. O projeto da mineradora prevê ainda a construção de uma segunda
unidade desse tipo em Acará, e uma planta para transformar o óleo de
palma em biodiesel a partir de 2015. O investimento total previsto pela Vale no projeto tocado pela Biopalma, empresa na qual é sócia do Grupo
MSP, é de US$ 500 milhões.
O objetivo da mineradora é suprir sua demanda por esse combustível
renovável para a utilização do chamado B20, composição de 20% de
biodiesel com 80% de diesel comum, em sua frota de locomotivas, máquinas
e equipamentos no País. A primeira usina terá capacidade de extração de
120 toneladas/hora de cachos de fruto fresco. Quando estiver instalada a
segunda unidade, que, segundo a Vale, será a maior do mundo nesse
segmento, o número deve subir para 680 toneladas/hora.
A utilização do biocombustível é um meio encontrado pela Vale para
atingir sua meta de reduzir em 5% suas emissões de dióxido de carbono
(CO2), que hoje giram em torno de 12 milhões de toneladas por ano, até
2020. "Temos o objetivo de atingir 5% de economia sobre o nível de
emissões", disse o presidente da Vale, Murilo Ferreira, acrescentando
que essa meta considera as expansões previstas nas atividades.
Óleo e gás. Ferreira ressaltou que o foco da companhia não é energia e
que apenas entrará em empreendimentos desse tipo para garantir a
execução de sua atividade principal, a mineração. Recentemente, a Vale
anunciou a intenção de vender alguns de seus ativos de óleo e gás, mas,
ontem, a diretora executiva de Sustentabilidade, Recursos Humanos e
Energia da empresa, Vânia Somavilla, revelou que a companhia pode acabar
mantendo parte de suas reservas de gás. "No nosso portfólio, temos projetos de gás e petróleo. Estamos
revisitando isso de forma que permaneça a nossa estratégia de manter
apenas investimentos na área de gás", disse.
Segundo Vânia, a intenção da empresa é permanecer em alguns ativos de
gás como investidora para evitar riscos ao seu abastecimento energético.
Ferreira afirmou que a decisão sobre o destino dos ativos de óleo e gás
será tomada no "momento adequado", sem dar detalhes.
Além dos ativos de óleo e gás no Brasil, a Vale também tem investimentos
neste segmento na Argentina. A mineradora admitiu que está preocupada
com o processo de estatização da petrolífera YPF pelo governo argentino,
antes comandada pela espanhola Repsol. A Vale explora gás na formação
de Las Lajas, no país vizinho, por meio de uma joint venture com a YPF. "Estamos um pouco preocupados com a questão da estatização da YPF",
disse o diretor global de Energia da Vale, João Coral. O executivo
ressaltou, no entanto, que as operações da joint venture continuam
normalmente, apesar do movimento do governo argentino.
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