terça-feira, 24 de julho de 2012

Qualificação da Alemanha ameaçada de rebaixamento: depois disso, há mesmo saída para o euro?

[A notícia é, em princípio, um tanto ou bastante assustadora: a agência de classificação Moody's ameaça rebaixar a nota máxima de que a Alemanha desfruta até agora -- formando com a Holanda e Luxemburgo uma espécie de oásis no conturbado cenário econômico-financeiro da zona do euro. Será, p'ra valer, o começo do fim do euro? 

Quando a Standard & Poor's (S&P) rebaixou a nota dos EUA em agosto do ano passado, fizeram-se previsões apocalípticas que acabaram não ocorrendo. Se efetivamente a Alemanha acabar sendo rebaixada, tudo conspira para que os efeitos diretos e colaterais disso sejam realmente muito mais graves e complicados do que o que houve no caso americano (com o dólar ganhando força graças exatamente à fraqueza e às incertezas do euro). A simples sensação de que o principal pilar de sustentação do edifício do euro possa se deteriorar ou até entrar em colapso, gerada pelo rebaixamento da nota alemã, pode provocar efeitos incontroláveis na eurozona, jogando por terra um projeto político, econômico e social iniciado em 1958. A reportagem que traduzo a seguir foi publicada hoje no jornal espanhol El País.]

A crise do euro chega às portas dos países do norte europeu e, principalmente, do governo de Angela Merkel. Essa é a conclusão dos técnicos da agência de qualificação Moody's, que na última hora de ontem anunciou que colocou em perspectiva negativa a excepcional nota "AAA" da Alemanha, da Holanda e de Luxemburgo. É o passo inicial para um rebaixamento de qualificação, que a agência começa a ver como justificada pelas implicações de um maior apoio à Espanha e à Itália ou, inclusive, da saída da Grécia da zona do euro.

A Moody's considera que aumenta o risco de que a Grécia deixe a eurozona e que, ainda que isso não aconteça, continua sendo muito provável que a Espanha e a Itália necessitem de um apoio mais amplo de seus parceiros do euro para evitar a pressão asfixiante dos mercados. "Colocamos em perspectiva negativa os países com "AAA" dos quais se estima que sairá o maior custo financeiro desse apoio", especifica o comunicado da agência.

Para a agência, o mais provável é que a ampliação do apoio à Espanha -- para cujo sistema bancário o eurogrupo já concedeu uma ajuda de até 100 bilhões de euros -- e à Itália leve a um aumento do fundo de resgates ou ao estabelecimento de novas medidas de liquidez. A Alemanha e a Holanda estariam estariam entre os países que mais teriam que incrementar seu aporte financeiro para esse fim. O mesmo ocorreria com a Áustria e a França, países que têm a qualificação máxima entre aqueles que a Moody's já colocou em perspectiva negativa. "Revisaremos sua situação no final do terceiro trimestre", adverte a agência quanto à nota desses dois países.

Pela primeira vez, a agência de classificação faz advertência sobre um risco que os mercados ainda não valorizam ou levam em conta. A dívida alemã a prazos mais curtos é emitida com juros negativos (os investidores pagam para emprestar ao Estado alemão) e a rentabilidade do bônus [alemão] de dez anos está em níveis mínimos, apenas pouco acima do 1% no mercado secundário. Em oposição, o bônus espanhol deverá oferecer uma rentabilidade superior a 7%, e o título italiano de dez anos supera o patamar de 6%.

"A Alemanha continuará sendo a âncora da estabilidade da zona do euro, e fará todo o possível junto com seus parceiros para resolver o quanto antes a crise da dívida", assinalou o Ministério das Finanças alemão em um comunicado ambíguo logo após a notificação da Moody's.

[Curva de juros da dívida espanhola (clique na imagem para ampliá-la) - Fonte: El País de 23/7/12]

Ayer = ontem (22/7)

Um comentário:

  1. Amigo VASCO:
    Isso parece uma MORTE ANUNCIADA.
    Já postei alguns comentários, em notícias anteriores, sobre a questão da MOEDA.
    Vou reprisar algumas opiniões.
    Em um conceito mais básico, a MOEDA não existe.
    Cada povo, cada nação, desde os tempos primordiais, só possuiam duas coisas: BENS e SERVIÇOS.
    A necessidade de troca entre os povos detentores dessas benesses, levou ao conceito de MOEDA, como uma forma de EQUALIZAR os valores das trocas (ESCAMBO).
    Isso vigorou por muitos anos, até a invenção da MOEDA que, inicialmente, não tinha esse valor de intermediar trocas, mas eram simbolos de um estado, de um imperador,etc.
    Assim, as moedas antigas, eram cunhadas em OURO principalmente, como forma de representar o PODER dos emitentes, praticamente sem poder de conversão.
    Outros exemplos já vivemos. A Convenção de BRETTON HOODS que estabeleceu o DÓLAR como padrão de trocas internacionais, funcionou a favor dos Estados Unidos, endividando os demais países. Isso é fácil de se explicar, pois o único país que emite dólares é os Estados Unidos, e nem sempre havia reservas que sustentassem a emissão de dólares para inundar o mundo. Parece que o Plano Marshall que foi aplicado aos países europeus depois da Segunda Guerra Mundial, foi uma das maiores jogadas dos Estados Unidos, Imprimiram dólares sem lastro, com a proibição de que esses dólares voltassem aos Estados Unidos, a não ser na modalidade de BENS e SERVIÇOS, NUNCA dinheiro vivo para aplicação na América. Remeto o tema aos historiadores de plantão.
    Todas essas minhas opiniões me levam a questão da MOEDA ÚNICA. É impossivel se possuir uma ÚNICA MOEDA que contemple as diferenças da produção de BENS e SERVIÇOS em nosso planeta.
    Não é possível existir um sistema de MOEDA ÚNICA em nosso planeta. O PLANETA é um SISTEMA FECHADo. Isso significa que, se alguém ganha, alguém perde. Não há saída, enquanto não tivermos negócios com os marcianos, ou jupiterianos, ou os monstros de VEGA.
    Enquanto a GRÉCIA tinha sua moeda em DRACMAS, NUNCA incomodou os europeus. Sua entrada no sistema único revelou sua incapacidade de TROCAR BENS E SERVIÇOS a um PREÇO ÚNICO, fixado de fora.
    Pode parecer que isso não acontece em nosso país, mas os diversos programas dos ditos BENEFÍCIOS, como o Bolsa-Família e outros, não têm respaldo monetário para serem sustentados.
    QUEM VIVER VERÁ!!!

    Abraços - LEVY

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