[O texto abaixo é da autoria de Amanda Previdelli e foi publicado hoje no site da revista Exame. É mais um texto chocante e revoltante, que desmascara mais uma vez a balela de que somos um povo cordial. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]
1. Espírito Santo
O Brasil é um dos países do mundo com a maior taxa de homicídios femininos, segundo o estudo Mapa da Violência,
realizado pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari.
É o sétimo país com a maior taxa, para ser exato. Estamos atrás apenas
de El Salvador,Trinidad e Tobago, Guatemala, Rússia, Colômbia e Belize.
Dentre os estados brasileiros, o Espírito Santo é aquele onde acontecem
mais homicídios de mulheres. E os números impressionam: o estado supera
duas vezes a média nacional. São 9,4 homicídios em cada100 mil mulheres, um número quase quatro vezes
maior do que o do Piauí, estado que representa o menor índice do país.
2. Alagoas
No relatório realizado pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz, do
Instituto Sangari, alguns dados chamam atenção: no caso de homicídio de
homens e mulheres, armas de fogo são as mais utilizadas. A segunda arma
mais comum é o objeto cortante ou penetrante, mas eles são mais usados
em mulheres (26%) do que em homens (15,5%).
No estado do Alagoas, o segundo mais violento para mulheres, a taxa é de 8,3 homicídios em cada 100 mil mulheres.
3. Paraná
Segundo o professor Waiselfisz, os estados com os piores números buscam
justificar a violência. "Esses são os estados nos quais a vítima se
torna culpada. Na verdade, a culpa é da segurança pública. É um absurdo,
mas eu já vi secretários de segurança aconselhendo mulheres a 'não se
vestirem como prostitutas'", diz.
No Paraná, a taxa é de 6,3 homicídios em cada 100 mil mulheres.
4. Paraíba
Segundo o relatório, outra grande diferença entre os assassinatos de
homens e mulheres está no local onde eles acontecem. Enquanto apenas
14,7% dos homens sofre de morte violenta em casa, 40% dos homicídios de
mulheres acontecem no local onde elas moram.
Na Paraíba, os números também impressionam: são 6 homicídios em cada 100 mil mulheres.
5. Mato Grosso do Sul
Para o professor, "A tolerância do Estado acompanha e promove a
violência contra a mulher". Ou seja, falta ação dos estados para que os
números de homicídios contra mulheres e violência doméstica diminuam. "Tem que ser feita a transição do privado para o público: acabar com a
mentalidade de que o que acontece em casa é particular, que ninguém tem a
ver com isso", completa Waiselfisz.
No estado do Mato Grosso do Sul, são 6 homicídios em cada 100 mil mulheres.
6. Pará
Para o professor Waiselfisz, o que explica a diferença entre os estados
do Brasil é a questão da política pública: "Nos estados mais violentos,
autoridades buscam explicar as mortes com questões simplistas, falam que
foram assassinatos por questões de drogas, por exemplo".
No estado do Pará, sexto entre os mais violentos, são 6 homicídios em cada 100 mil mulheres. [Na realidade, Paraíba, Mato Grosso do Sul e Pará estão empatados com o mesmo número de mulheres assassinadas por 100 mil habitantes.]
7. Distrito Federal
Nem a capital do país escapou da lista das unidades federativas com
maior número de assassinato de mulheres. O Distrito Federal tem 5,8
homicídios em cada 100 mil mulheres. Em seguida, o estado da Bahia
aparece em oitavo lugar, com 5,6 homicídios em cada 100 mil mulheres. [Em 9° lugar vem Mato Grosso com 5,5 homicídios, e em 10° está Pernambuco, com 5,4 homicídios por cada 100 mil mulheres. A taxa média nacional no mesmo período foi de 4,4 homicídios por cada 100 mil mulheres. Todos estes números são da referência "Mapa da Violência", citada pela autora da reportagem.]
Os maiores centros urbanos brasileiros, em contrapartida, estão entre
os menos violentos: o Rio de Janeiro está em 25º lugar dentre as 27
unidades federativas (3,2 homicídios em cada 100 mil mulheres) e São
Paulo aparece em penúltimo lugar na lista (3,1 homicídios em cada 100
mil mulheres).
O estado brasileiro com a menor taxa é o Piauí, que tem 2,6 homicídios
em cada 100 mil mulheres. "No Piauí, há um empenho e uma forte política
de intolerância da violência", explica o professor. [Confesso que me surpreendi com essa estatística do Piauí. Há cerca de uns 10 anos, ou pouco mais, quando fui pela primeira vez a Teresina fiquei espantadíssimo quando, no caminho do aeroporto para o hotel, me deparei com um enorme cartaz à beira da estrada da "União das Viúvas e Familiares de ex-Prefeitos Assassinados do Piauí" (!!) -- não sei como anda esse índice específico de violência piauiense hoje em dia, mas é reconfortante ver que no tocante à violência contra as mulheres o Piauí é um exemplo para os demais estados da Federação.]
"A maior parte dos casos de violência contra mulher vem de um parente
dela. É uma questão 'cultural' que não pode ser tolerada", completa.
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