[A reportagem abaixo parece trivial, mas é séria e preocupante. Na perfeita compreensão entre pilotos e torres de controle no exterior pode estar a diferença entre pousos e decolagens perfeitos e desastrosos.]
O nível de inglês dos pilotos brasileiros é "muito baixo" -- varia entre o
mínimo exigido para voos internacionais ou menos do que isso, diz Ana
Neufeld, sócia da Flight Crew, de Madri, que aplica testes de
proficiência em inglês a esses profissionais.
Segundo ela, a maior parte dos brasileiros que ela avaliou tem nível
operacional (nível 4, em uma escala de 1 a 6), o mínimo para fazer voos
internacionais. Entre 15% e 20% são reprovados, disse.
O inglês é obrigatório para voos internacionais.
"É um nível muito diferente dos pilotos europeus que eu atendo; 35% dos
europeus têm nível 5 (avançado). Os pilotos brasileiros não têm
aspirações de chegar ao nível 5. Eles precisariam melhorar muitíssimo." A
Flight Crew avaliou cerca de 150 pilotos brasileiros desde dezembro.
Ela criticou o fato de a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) ter
anulado, em junho, o resultado da prova de inglês feita por pilotos
brasileiros na escola. Eles serão obrigados a refazer a prova no Brasil.
Enquanto isso, só podem atuar em voos internacionais dentro do Brasil.
A Anac avaliou 95 pilotos que fizeram o teste em Madri, dos quais 88
terão que refazer a prova até dezembro sob pena de não poder mais voar
para o exterior. Os outros sete já tinham no Brasil nota suficiente para
fazê-lo. [O índice de reprovação dos pilotos brasileiros foi de quase 93%, o que, além de vergonhoso, é assustador. Em agosto de 2011, fiz postagem com denúncia de que a TAM utilizava pilotos reprovados no inglês em voos para o exterior, colocando potencialmente em risco passageiros e tripulantes. A Anac fez algo a respeito? Se fez, não cacarejou.]
Qualidade
"Minha escola é aprovada pela autoridade de aviação espanhola e pela europeia", diz a sócia da escola.
Duas inspetoras da Anac foram a Madri e constataram que os brasileiros melhoravam a nota na Flight Crew.
"Atendo a pilotos que voam em Hong Kong, no Qatar e em toda a Europa. Nunca tivemos reclamações".
Os áudios do teste ficam gravados, mas são repassados somente às autoridades às quais a escola é subordinada, afirmou.
Brasileiros escolheram a escola porque dizem que o teste é mais rápido e barato [epa, acendeu a luz amarela!]. Advogado de parte dos pilotos, Carlos Duque Estrada diz que os
profissionais têm inglês necessário para voar e são experientes. Ele
pedirá para o Ministério Público Federal apurar o caso. Ontem, a Associação Brasileira dos Pilotos de Aviação Civil criticou a
Anac e disse que, se a segurança operacional é o motivo da restrição aos
pilotos, todos os estrangeiros que obtiveram licença na Flight Crew
deveriam ser proibidos de voar no Brasil. A Anac não comentou.
Tudo isso poderia ser considerado como uma piada de mau gosto, não fosse de uma seriedade avassaladora. A banalização da vida e da morte alastra-se para qualquer setor imaginável. Em tempo: Novamente é aqui abordada e questionada a educação brasileira que vai, como a saúde e a segurança pública, em queda vertiginosa.
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