[Há um velho e sábio ditado mineiro que diz que pato novo não dá mergulho fundo -- alguém precisa ensinar à nossa ex-guerrilheira essa sabedoria popular. A reportagem abaixo, do Globo de ontem, dá números e dimensões aos nossos problemas, decorrentes de uma infeliz junção de crise externa e incompetência interna. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]
Ao
contrário do que se viu quando a turbulência financeira assombrou o
mundo há três anos,
o Brasil não vive mais uma onda forte de crescimento. O consumo — travado por causa do endividamento das famílias
— já não consegue dar fôlego para a economia. A indústria, por sua vez,
ainda se ressente da fraca demanda e da falta de competitividade. Ainda
assim, o país ainda mantem um mercado de trabalho com desemprego baixo e
redução da informalidade. O que, contudo, não é forte o suficiente para
criar condições para a recuperação da atividade, que vem sendo adiada a
cada trimestre que passa. De todo modo, apesar de números pessimistas, o
país deve encerrar 2012 com crescimento — baixo.
Há
razões para que analistas comecem deteriorar as expectativas. Setores
alvos de benefícios do governo — como o automotivo — começam a demitir.
As previsões para a indústria entraram no campo negativo e uma retração
de 0,04% é esperada para este ano. O setor industrial fala em “semestre
perdido”, por causa da queda de produção e emprego, baixa utilização dos
pátios das fábricas e aumento de estoques. Já o comércio teve a
primeira queda das vendas desde 2009, de 0,8%, em maio. A confiança da
indústria voltou para patamares da crise há três anos.
A
arrecadação de impostos caiu 6,5% pela primeira vez no ano, porque as
empresas lucram menos. E também remeteram 47% menos lucros e dividendos
para o exterior no primeiro semestre. Mesmo com o dólar alto — como
queria a indústria nacional — houve uma retração das exportações de 45%
nos seis primeiros meses do ano.
A
criação de empregos com carteira caiu quase 33% nesse período. A
Previdência Social fechou junho com déficit de R$ 2,7 bilhões: 38% maior
que em igual período de 2011. Menos dinheiro entra no país: o fluxo
cambial foi negativo em US$ 1,9 bilhão em julho, por causa do desempenho
negativo de exportações e das saídas de investidores. Grandes bancos
como Santander, Itaú e Bradesco perdem lucratividade e culpam o alto
índice de inadimplência que começa a recuar, mas está ainda em nível
recorde.
Bradesco prevê queda de 1,5% na indústria
Para
o professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzo, um dos principais
interlocutores do Palácio do Planalto no campo econômico, as famílias
estão no maior nível de endividamento, de 43,3%, e no fim de um ciclo de
consumo de bens duráveis. "As
limitações são maiores, o nível de renda é menor — disse Belluzzo. —
Não sou eu, mas a torcida do Flamengo, gregos e troianos acham que o
governo tem de ir pelo caminho do investimento em infraestrutura para
sair dessa crise".
Segundo
José Márcio Camargo, da consultoria Opus, o sinal de fraqueza é o da
indústria que não tem força para reagir nem aos menores juros da
história. Hoje, a Selic é de 8% ao ano. Ele
argumentou que, além de não gerar empregos, os salários no setor
subiram 10% no último ano. Isso comprimiu a competitividade da indústria
já achatada pelo período de câmbio desfavorável e perda de espaço para
importados: "Ficou
ainda mais caro produzir no Brasil, mas ao mesmo tempo continua a
circular dinheiro, a renda ainda está alta e isso faz com que o
crescimento dependa do comércio e dos serviços daqui para frente".
O
economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, espera uma queda de
1,5% para a indústria neste ano e não vê uma retomada muito forte no ano
que vem, porque há uma sobreoferta de produtos no mundo devido à crise.
Segundo ele, para o PIB brasileiro crescer 4%, uma produção industrial
avançando 1,5% já seria suficiente em 2013. "Temos
alguns bons indícios de que o BC esteja certo ao apostar na retomada
partir desse segundo semestre, mas é importante que se diga que estamos
falando de um crescimento rodando anualizadamente em torno de 4% e não
mais do que isso".
[Com essa montoeira de problemas, temos ainda que aturar um Sr. Guido Mantega a deitar falação com aquela voz anasalada, que combina perfeitamente com o baixo nível de confiança e confiabilidade que sua argumentação transmite. Mas, nosso problema mesmo é a capitã do time, que parece só aceitar diálogo com sua imagem no espelho. Ela encasquetou com a história de mover a economia só com o estímulo ao consumo e, apesar de críticas de peso em qualidade e quantidade que chovem de todos os lados, e dos sinais evidentes de que essa galinha não bota mais ovo com a qualidade e a quantidade de que necessitamos, nossa ex-guerrilheira continua salpicando redução de IPI a torto e a direito qual cozinheira improvisada e sem jeito para o métier, sem apresentar um mínimo esboço que seja de planejamento estruturado e sistemático para tirar o país desse banco de areia movediça em que está se metendo.
Além de mostrar incompetência na economia, a ex-guerrilheira está mostrando uma surpreendente, inesperada e decepcionante frouxidão na gestão dos recursos humanos de suas tropas, tanto na administração direta como indireta, deixando, com ar absolutamente blasé e ausente, as greves correrem soltas e fagueiras em inúmeros e essenciais setores da economia. Só o fato de deixar que mais de 50 instituições de ensino superior federal fiquem há praticamente um trimestre em greve parcial ou total (ver mapa abaixo), jogando no lixo o ano acadêmico de 2012, já sepulta definitivamente seu (falso) perfil de gerente competente e durona. Se estivesse na iniciativa privada, Dª Dilma já teria sido demitida há muito tempo.]
Amigo VASCO:
ResponderExcluirMais uma CRONICA DA MORTE ANUNCIADA.
Aqueles que acham que a solução é o INVESTIMENTO PÚBLICO, lembro que o DINHEIRO do (des)governo só vem dos impostos, os mais altos que se têm notícia. Redução do IPI só atinge uma pequena parcela da população, não representando um pouco mais de dinheiro no bolso dos brasileiros para, por exemplo, fazer uma POUPANÇA.
A qualidade dos poucos investimentos públicos é, até hoje, extremamente duvidosa, em termos de RETÔRNO. Fale o que fale o ministro
MANTE(I)GA, acho que se pudermos definir a economia brasileira, ela seria a de uma CAPITALISMO de ESTADO, onde o Estado se apropria de todas as reservas disponíveis, e pouco retorna à POPULAÇÃO.
Não dá para culpar os empresários, que pagam juros e impostos altíssimos, a cotação do DÓLAR que, pelos altos impostos, tornam os nossos produtos sem compradores ao redor do Mundo.
Por algumas vezes já fiz comentários sobre a questão da MOEDA, como um substituto artificial para o ESCAMBO, prática milenária entre os povos.
Modernamente, fala-se em PIB como uma medida do ptencial de um um país, uma região, etc.,como sinônimo de RIQUEZA (potencial ou real). Ora, a construção de um prédio, ou a demolição de outro, contribuem POSITIVAMENTE para o PIB.
Nessa linha de raciocínio, deixar uma estrada se acabar por falta de manutenção não contribui para o PIB, mas sua RECUPERAÇÃO (super-faturada) será incluida nas estatísticas governamentais que afetariam o PIB.
Não tem jeito: OU APRENDEMOS A VOTAR ou vamos todos CHORAR SOBRE O LEITE DERRAMADO!!
E o que é PIOR: SEM SABER DE QUEM É A CULPA!!!!
Abraços - LEVY