A empresa [espanhola] Telefônica [dona da Vivo no Brasil] prepara mais um passo na sua aposta na América Latina. A empresa planeja transferir para São Paulo a sede operativa da gestão corporativa de seus negócios na região, que até agora se localiza em Madri. Isso pressupõe inicialmente a transferência do presidente da Telefónica Latinoamérica [nome da empresa em espanhol], Santiago Fernández Valbuena, e de parte de sua equipe, segundo fontes próximas à empresa. Com isso, a Telefônica passaria a ter três sedes operativas globais: Madri, para os negócios europeus e os serviços corporativos do grupo; Londres, para a Telefónica Digital; e São Paulo, para a Telefónica Latinoamérica.
Os diretores da Telefônica chegaram à conclusão de que deixou de ser eficiente coordenar e gerir com horário espanhol os negócios latino-americanos. A distância até Madri também complica os deslocamentos. Os executivos da Telefónica Latinoamérica, entre eles o próprio Fernández Valbuena, já passam boa parte de seu tempo no Brasil e no resto dos países em que o grupo está presente. Com um faturamento de 14,963 bilhões de euros no primeiro semestre, a Telefónica Latinoamérica representa já quase a metade do volume de negócios do grupo, e é a que registra maior crescimento.
A escolha de S. Paulo como quartel-geral latino-americano se deve à importância adquirida pelo Brasil nas contas do grupo, sobretudo desde a compra da Vivo. Com um resultado de 6,9 bilhões de euros no primeiro semestre, o Brasil já é o segundo mercado da Telefônica, muito próximo da Espanha, e o primeiro no negócio de celulares (4,253 bilhões de euros). Quase a metade do negócio latino-americano da empresa está no Brasil.
A sede social da Telefónica Internacional (TISA) será mantida na Espanha, mas o estabelecimento da sede operativa do negócio latino-americano em São Paulo pode ser um primeiro passo para agrupar todos demais negócios da TISA na região em uma única empresa, em uma operação corporativa complexa, que permitiria negociar toda essa área na Bolsa de maneira independente, com uma empresa que pode ser cotada na Bolsa de Nova Iorque ou na de São Paulo. Essas decisões, no entanto, não foram ainda tomadas e estão em fase de estudos. Na semana passada, em uma apresentação a analistas, o presidente da empresa, César Alierta, insistiu em afirmar que a companhia "analisa as alternativas possíveis para negociar em Bolsa essa sua empresa regional na América Latina".
Um analista perguntou a Alierta sobre a possibilidade de trocar a sede do grupo, para evitar a penalização dos mercados. Ele enfatizou que o aumento da dívida se deveu em parte à compra da O2 e da Vivo, ambas fora da zona do euro, e que havia uma "nítida contradição" na penalização à empresa por investir fora [da Espanha e da eurozona], quando seus competidores europeus têm a maior parte de suas receitas oriundas da zona do euro. E reconheceu que há uma depreciação na avaliação da Telefônica por ter sua sede na Espanha. Mas, deixou claro: "Temos nossa sede empresarial em Madri e vamos mantê-la em Madri, porque estamos em 25 países e nosso negócio precisa ser observado pelo que gera esse grupo de países". Em seguida, acrescentou: "Para Telefônica, nosso domicílio são esses 25 países em que estamos. Essa é a nossa casa".
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