quinta-feira, 5 de julho de 2012

Diretor do centro que descobriu a "partícula de Deus" acusa o Brasil de lentidão

[É uma tarefa extremamente ingrata e difícil tentar entender as razões que levam o Brasil a se prestar recorrentemente a um papel ridículo na comunidade científica internacional, descumprindo compromissos formalmente assumidos ou deixando que nossa burocracia paquidérmica nos faça isso. Recentementemente, o país fez um papelão omitindo-se de participar da estrutura financeira do maior telescópio do mundo no Chile, apesar de compromisso formal nesse sentido assumido em 2010 por Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata (NPA).  Agora, quem nos dá um puxão de orelha internacional é o diretor-geral do Centro Europeu para Pesquina Nuclear (Cern, em francês), simplesmente a instituição que acaba de descobrir a "partícula de Deus"! Vejam a reportagem abaixo.]

"Vocês são muito lentos." A cobrança é do diretor-geral do Centro Europeu para a Pesquisa Nuclear (Cern), Rolf Heuer, ao ser questionado pela reportagem quando é que o Brasil concluiria sua adesão ao principal centro de pesquisas físicas do mundo. "Não consigo entender o que ocorre com o Brasil. Nós estamos prontos para aceitar o País. Mas são eles (autoridades) que não se movem", insistiu Heuer.

Em 2010, o Brasil assinou uma carta de intenções que deu início formal ao processo de adesão do País ao Cern, responsável pelo LHC, o maior acelerador de partículas do mundo. O Cern estipulou que o Brasil terá de pagar uma contribuição anual de US$ 10 milhões, 10% do dinheiro pago por um membro europeu e uma gota d’água em comparação aos investimentos em pesquisa realizados pelo centro [o país lambuza sua imagem e se prejudica na área científica por causa de 10 milhões de dólares anuais, é inacreditável!!]. -- [Parece que 2010 foi o ano em que nosso palanqueiro NPA resolveu assumir compromissos sem exigir seu cumprimento, coisa aliás corriqueira na sua biografia. Em 21.07.2010, pela Portaria MCT n° 573, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação instituiu o Grupo de Trabalho encarregado de discutir em termos preliminares, as condições de associação do Brasil à Organização Européia para Pesquisas Nucleares - CERN. E até agora, pelo visto, nada.]

Heuer alertou que, se o Brasil não integrar o Cern, empresas brasileiras não poderão participar da licitação que o centro abrirá para a compra de tecnologia e peças para a atualização milionária do LHC, que ocorrerá nos próximos anos.

Segundo Ronald Shellard, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) [um dos três integrantes e presidente do Grupo de Trabalho da portaria MCT citada acima], um documento descrevendo o estado da ciência brasileira já foi enviado ao Cern - um passo protocolar nas negociações. Após receber esse documento, uma equipe do Cern virá ao Brasil, e só então um projeto político de adesão oficial poderá ser encaminhado ao Congresso. [É difícil acreditar, como o Sr. Shellard quer nos fazer crer, que o diretor-geral do Cern é que tem culpa no cartório e reclama do Brasil sem razão.]

A adesão do Brasil, porém, é de forte interesse do centro de pesquisas. Com a crise na Europa e a pressão orçamentária, o CERN busca novas fontes de renda e quer ampliar sua cooperação. No centro, funcionários lembram que, com o custo da Copa do Mundo, o Brasil pagaria sua participação no CERN por várias décadas.

Rolf Heuer, diretor-geral do Cern, reclamou que as autoridades brasileiras são muito lentas - (Foto: Cern/Maximilien Brice).


Um comentário:

  1. Amigo VASCO:
    Esse assunto é extremamente interessante, mas parece que a nossa realidade não comporta, ainda, uma posição sobre o tema.
    Participar de atividades científicas de nível mundial (ou quase) é sempre importante.
    Mas, quando pagamos por essa participação, o mais importante para nós é saber o retorno desse investimento. Invariavelmente, esse retorno se dá como benefícios aos cientistas participantes de tais convênios. Isso se dá exclusivamente porque tais cientistas, ao voltarem ao Brasil, possam exercer algum tipo de atividade local ligada ao seu processo de aquisição de tais conhecimentos.
    Não temos um programa de investigação científica que, pelo menos, priorize as áreas em que deveriamos obter (participando) de organismos científicos internacionais. O único que me vem a mente é a participação do Brasil em observações astronômicas que, através de nossa participação pecuniária, pode dar aos poucos astrônomos brasileiros, algumas horas de observação desse nosso Universo, mas ainda sem um programa do que investigar, pelo menos detalhado.
    Como você sinaliza ao final de seu comentário, o interesse é só ECONÔMICO!!!

    Abraços - LEVY

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