As exportações de açúcar do Brasil despencaram 32% em junho, em
consequência das chuvas das últimas semanas - que afetaram a produção
nas usinas do Centro-Sul e também o ritmo de embarque nos portos.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC), foram
1,289 milhão de toneladas embarcadas em junho, 30% abaixo das 1,847
milhão registradas em igual mês de 2011. Em receita, a retração foi de
32%, para US$ 677,5 milhões.
Por conta desse atraso, já há nos portos de Santos (SP) e de Paranaguá
(PR) mais de 60 navios programados para embarcar um volume superior a
2,5 milhões de toneladas do produto, segundo levantamento da SA
Commodities/Unimar Agenciamentos Marítimos. Essa escassez de curto prazo
vem movimentando o mercado nos últimos dias. Ontem, o contrato para
março fechou a 21,71 centavos de dólar por libra-peso em Nova York, após
patinar entre 19 e 20 centavos durante todo o mês de junho. No mês, o
saldo é de alta de 3,62%, segundo o Valor Data.
O apetite chinês pelo produto também aqueceu as expectativas e, do total
de açúcar programado para embarcar a partir do Brasil, pelo menos um
terço tem o país asiático como destino.
Gráfico: Valor Econômico
Por causa dessa oferta curta, traders estão buscando açúcar no mercado
para cumprir contratos de exportação previamente firmados. A entrega
física contra o contrato de julho em Nova York atingiu 1,1 milhão de
toneladas da commodity, volume que foi adquirido pelas grandes tradings
que operam a commodity, como Cargill e Copersucar.
De acordo com Arnaldo Corrêa, da Archer Consulting, também houve nos
últimos dias revisão de produção na Índia, em especial, no principal
Estado produtor de cana-de-açúcar, o de Maharashtra, que reduziu de 9
milhões para 8 milhões de toneladas sua estimativa de produção. Além
disso, há no mercado algumas dúvidas sobre o tamanho da safra de açúcar
de beterraba da Rússia, que é o principal importador de açúcar do Brasil
e que nos últimos anos vem reduzindo suas compras por causa do aumento
da produção interna. "A Rússia dificilmente conseguirá repetir duas boas
safras em sequência", afirma Corrêa.
Os embarques de açúcar entre janeiro e maio deste ano já vinham de
queda. Segundo dados do Ministério da Agricultura, com base em
informações da Secex, o país exportou nos cinco meses do ano 5,844
milhões de toneladas da commodity (bruto e refinado), 15% abaixo das 6,8
milhões de toneladas embarcadas no mesmo período de 2011. Em junho, somente de açúcar refinado foram embarcadas 370,2 mil
toneladas, queda de 42% em relação a junho de 2011. Em receita, a
retração foi de 48%, para US$ 204,2 milhões.
[Qualquer problema de safra com a cana-de-açúcar provoca dois soluços indigestos na economia do país: no açúcar e no etanol.]
Nenhum comentário:
Postar um comentário