terça-feira, 3 de julho de 2012

Laboratório GlaxoSmithKline pagará US$ 3 bilhões por venda ilegal de medicamentos

[Para sorte nossa, e do resto do mundo, os EUA são rigorosíssimos na defesa e proteção da saúde de seus cidadãos, e a justiça americana é simplesmente uma santa em matéria de venalidade e corrupção, se comparada com o que acontece neste patropi e alhures. Até na definição do órgão regulador dessa área eles nos dão um banho: enquanto lá uma agência só cuida de alimentos e remédios, a FDA - Food and Drug Administration, diante da ululante obviedade da estreita relação entre esses dois fatores quanto à saúde humana, por aqui inventaram duas agências: a ANS (Agência Nacional de Saúde) e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Claro, que ideia idiota seria criar uma única agência! Como ficariam a coleção de cabides de emprego, o loteamento de cargos, e as verbas para mutretas, maracutaias, corrupção e safanagens?! 

O site americano The Slatest publicou ontem (02/7) outro exemplo de punição exemplar de um gigante da área farmacêutica. O poderoso laboratório GlaxoSmithKline foi forçado a fechar um acordo na bagatela de 3 bilhões de dólares (!) por venda ilegal de medicamentos.  Traduzo a seguir o texto da reportagem. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

O laboratório GlaxoSmithKline concordou em declarar-se culpado das acusações de má conduta e contravenção apresentadas pelo governo federal, afirmando que pagará 3 bilhões de dólares para livrar-se das alegações de que promoveu ilegalmente a venda de dois medicamentos para usos não aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) e negligenciou a divulgação de informação de dados de segurança sobre outro medicamento, informou hoje o Departamento de Justiça.

O acerto, que tem ainda de ser aprovado pela corte, torna-se o "maior acordo por fraude da história dos EUA e a maior soma jamais paga por uma empresa de medicamentos", de acordo com o Departamento de Justiça. 

Os promotores públicos afirmam que a empresa farmacêutica britânica promoveu o uso do antidepressivo Paxil em crianças, mesmo ele tendo sido aprovado apenas para adultos com idade de 18 anos ou acima [esses laboratórios são uns bandos de bastardos!]. A empresa promoveu também a venda do medicamento Wellbutrin para o tratamento de disfunção e compulsão sexuais, embora ele tivesse sido aprovado apenas para depressão. Além disso, a empresa negligenciou o fornecimento de dados de segurança relativos a outro medicamento, o Avandia [para diabetes], informa a gência noticiosa Associated Press[Os três medicamentos são comercializados no Brasil, sendo que o Paxil (Paroxetina ou Cloridato de Paroxetina) também o é sob a forma de medicamento genérico.]

Alega-se que o laboratório GlaxoSmithKline despendeu grandes esforços para promover os medicamentos para usos não aprovados, incluindo a distribuição de um artigo enganoso em publicação científica e o suborno de médicos por meio de refeições e tratamentos em spas, informa a agência noticiosa Reuters.

A multa será dividida, com US$ 1 bilhão para cobrir multas e execuções criminais e US$ 2 bilhões para pagar acordos cíveis com governos federal e estaduais. A investigação federal durou 7 anos [epa,  parece até a nossa justiça!... E nesse meio tempo, os 3 medicamentos continuaram sendo vendidos e usados?]

A publicação Atlantic Wire ressalta a significância da multa de US$ 3 bi, já que o laboratório GlaxoSmithKline declarou em 2011 um lucro líquido (pós-impostos) de US$ 8,32 bilhões. No ano passado, a empresa fez a provisão de US$ 3,5 bilhões para cobrir esse acordo, de acordo com a Bloomberg. O Glaxo já perdeu US$ 700 milhões em processos movidos por pacientes por causa de alegados efeitos do Avandia em gerar ataques cardíacos e derrames, informa o USA Today.

Em um comunicado, a empresa farmacêutica questiona algumas afirmativas do Departamento de Justiça, observando que o "acordo de ajuste cível contém muitas alegações que são imprecisas ou incompletas", informa a agência AP. Mas, o CEO da Glaxo, Sir Andrew Witty, lamentou o ocorrido e disse que os empregados da empresa haviam aprendido "com os erros que foram cometidos".


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