Os dois encabeçam a lista de paulistanos, mineiros, baianos e estrangeiros que incluíram o Rio na lista dos lugares onde é chique, muito chique, ter um pied-à-terre, como dizem os franceses para designar um cantinho fora da cidade onde moram. O casal vive em São Paulo, mas tem cobertura na Quinta Avenida, em Nova York, e apartamento no Quai D’Orsay, em Paris. "A gente queria muito estar no Rio".
"O Rio está na crista da onda", resume o paulistano Luigi Gaino Martins, que dirige no Rio a Lopes, maior grupo de intermediação e consultoria imobiliária da América Latina. Esses "forasteiros" já correspondem a 10% dos imóveis negociados na cidade. Em alguns lançamentos, como um residencial com serviços lançado pela RJZ Cyrela em Ipanema, eles correspondem a 35% dos compradores.
Tanto sucesso não é só porque a cidade vai ter Copa em 2014 e Olimpíada em 2016. "A pacificação de favelas com a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) foi a maior responsável. O Rio nunca teve base tão sólida para explodir. E na raiz disso tudo está o resgate do orgulho do povo carioca", diz Martins. "O Rio virou sonho de consumo. E o maior desejo de quem vem de fora é achar apartamento em Ipanema, Leblon ou na Avenida Atlântica, em Copacabana", diz Marcus Cavalcanti, dono da empresa que leva seu nome e há 30 anos negocia imóveis de luxo.
Se tiver vista, então, é o máximo. O decorador baiano David Bastos procurou dois anos pouso na cidade. "Mas o Rio está impossível. É o lugar mais caro do mundo", exagera. Bastos, que tem escritório em São Paulo e assina casas chiques, queria apartamento com vista de cartão postal. Cristo Redentor, Pão de Açúcar, praia ou Lagoa Rodrigo de Freitas eram os visuais favoritos. Com o mercado carioca aquecido e os preços subindo, foi tão difícil achar o endereço certo que Bastos preferiu alugar. Agora, passa fins de semana no seu apartamento de três quartos na esquina da Joana Angélica com a Vieira Souto.
O mar de Ipanema está a seus pés. Da sala, ele admira as Ilhas Cagarras. Uma placa no prédio, onde também mora a escritora Danuza Leão, diz que Vinícius de Moraes viveu ali. O poeta nunca morou de fato no prédio, mas o frequentava por causa de uma namorada. Seja como for, a placa dá mais glamour. E David está amando fins de semana na cidade."A vida no Rio é mais descontraída", elogia.
Decorador baiano vive em SP, mas passa fins de semana emIpanema - (Foto: Fabio Motta/Agência Estado).
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