A Turquia elevou o clima de tensão com a Síria ao recorrer ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) neste domingo. Os turcos querem debater a derrubada de um caça de sua Força Aérea pelo país árabe. Segundo o ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, o país vai levar o incidente aos órgãos internacionais porque caça foi derrubado pelos sírios enquanto voava em espaço aéreo internacional.
Ministro turco de Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu - (Foto: Adem Altan/France Presse).
Comunicado oficial de Ancara (capital da Turquia) diz que o caça decolou às
8h30 de sexta-feira da base aérea de Malatya e desapareceu dos radares
uma hora e meia mais tarde.
A Otan se reunirá para tratar do caso nesta terça-feira (26).
De acordo com o artigo 4 da aliança atlântica, os membros da Otan podem
consultar a instituição sempre que, "na opinião de um deles, esteja
ameaçada sua integridade territorial, a independência política ou a
segurança".
A Turquia não invocou o artigo 5, ativado quando se constata agressão militar contra um dos membros da Otan. [Todo esse burburinho de tentar resolver só no papo a situação da Síria, com zero de medida retaliatória contra a ditadura que está há 12 anos no poder em Damasco (o Brasil está no time que defende o "poder do gogó"), demonstra que a Síria não é uma Líbia e o Ocidente quer pensar mil vezes antes de peitar a China e a Rússia numa região que é um barril de pólvora -- basta dar uma olhada na localização geográfica da Síria para se perceber sua importância estratégica]:
Localização geográfica da Síria (mapa inclui as colinas de Golan, conquistadas aos sírios por Israel na Guerra dos Seis Dias em 1967) - (Fonte: Wikipedia).
Incidente diplomático
Na sexta, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, evitou culpar
Damasco pela derrubada. No sábado, o presidente turco, Abdullah Gül,
admitiu que o caça "poderia ter vulnerado" o espaço aéreo sírio.
Davutoglu confirmou a invasão e disse que a aeronave foi abatida 15
minutos depois. O chanceler disse que o avião turco voava sem armamentos, que a missão
era para testar os radares de defesa turcos e que a Síria não emitiu
nenhuma advertência antes de abatê-lo.
Os dois tripulantes ainda não foram encontrados. Navios de resgate
turcos em coordenação com as autoridades sírias procuram os oficiais
desaparecidos há mais de 48 horas.
Os destroços do avião foram encontrados no Mediterrâneo neste sábado, perto da costa síria, a 1.300 metros de profundidade.
Intervenção internacional
Na imprensa turca, persiste a incerteza sobre a intenção de Damasco em
derrubar o avião. Um conflito bélico neste momento poderia culminar em
uma intervenção militar estrangeira na Síria e acabar com a repressão do
regime de Bashar al Assad.
A Turquia descartou até agora intervir diretamente no conflito, mas já
condenou com duras palavras a repressão do ditador sírio. Ancara disse
se reservar à possibilidade de tomar medidas se a segurança ou
estabilidade do país for ameaçada.
Mais de 30 mil refugiados sírios estão em vários acampamentos na
Turquia. No país também estão os dirigentes do Exército Sírio Livre,
guerrilha composta sobretudo de soldados desertores que lutam contra o
regime de Damasco.
Provocação síria
"Bashar al Assad sempre ameaçou que o conflito sírio poderia incendiar
toda a região se houvesse uma intervenção externa; ao derrubar o avião
turco, ele lança essa carta", disse Hefiz Abdulrahman, membro do
Conselho Nacional Turco, órgão que tenta agrupar a oposição a Assad.
"Atualmente há muita gente indecisa na Síria, mas elas apoiariam o
regime no momento em que houver um inimigo externo crível", disse
Abdulrahman. "Por isso a tensão é conveniente a Assad".
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