sábado, 16 de junho de 2012

Nova Orleans se protege com um dique de 215 km

A menos de três meses antes que se cumpra o sétimo aniversário do desastre do Katrina em Nova Orleans, a cidade que teve 80% de sua área cobertos pelas águas ultima a construção de um dique de 215 km de extensão para proteger-se contra novas inundações desse gênero. A obra é uma autêntica fortaleza de concreto, com muros de cerca de 30 m de largura e uns 17 m de altura, que custou 14,5 bilhões de dólares e só pode ser observada em toda sua magnitude por vista aérea.

A cadeia de represas, muros e bombas hidráulicas que forma o dique Seabrook se estende ao longo do canal que une ao rio Mississip o lago Ponchartrain, cujas águas inundaram Nova Orleans em 2005. A obra conta com duas comportas elevadiças de 220 ton cada uma, para permitir a navegação e conter um possível transbordamento do rio.

Em plena época de furacões que, segundo o Centro Nacional de Furacões, vai de 1 de junho a 30 de novembro, a construção iniciada em 2006 está em vias de ser concluída. Um projeto de tal magnitude normalmente leva décadas para ser finalizado, disse ao The New York Times Kevin G. Wagner, um dos engenheiros responsáveis pelo projeto. Mas, no caso de Nova Orleans as autoridades decidiram acelerar a construção, encurtando os prazos de obtenção das licenças ambientais e obrigando todas as empresas nela envolvidas a trabalhar em paralelo.

O fantasma do Katrina, que evidenciou a fragilidade das construções feitas pelo homem para proteger uma cidade construída abaixo do nível do mar, faz com que muitos habitantes de Nova Orleans desconfiem da aparente robustez dos muros que agora a rodeiam. Muitos consideram que o nível de proteção autorizado pelo Congresso dos EUA não é suficiente. O novo dique foi projetado para evitar um tipo de enchente cuja probabilidade de ocorrência em um ano é de 1%, segundo o projeto aprovado pelo Capitólio. Os críticos alertam que a cidade sofre tormentas mais violentas que o tipo de enchente contemplado  no projeto, e que as mudanças climáticas poderiam reproduzir sua intensidade e sua frequência acima do citado 1%.

O dique que está quase concluído não é a única barreira levantada para proteger Nova Orleans contra um novo Katrina. A 20 km a leste da cidade se construiu outra represa, denominada "A Grande Muralha" [ah, a criatividade de Tio Sam!...], para conter as águas do lago Borgne. No lado oposto, se ergueu a maior central hidroelétrica do mundo [o jornal espanhol certamente se refere à usina hidroelétrica Sidney A. Murray Jr, no rio Mississip, anunciada pelos americanos como "a maior central elétrica pré-fabricada (?) do mundo", erguida em 1990], um complexo que custou bilhões de dólares. Mas, por muitos outros muros e muralhas mais que se construam como proteção para Nova Orleans, os membros da junta encarregada de supervisionar novas obras de contenção na cidade alertam que, enquanto não se reconstruírem os quilômetros de costa arrasados pelo furacão e não se recuperem os diferentes tipos de manguezais que oferecem uma barreira natural às tempestades, a cidade não estará a salvo de um novo Katrina.

Imagem aérea do novo dique no lago Pontchartrain em Nova Orleans - (Foto: Seabrook Floodgate Complex).

Visão esquemática do novo dique de Nova Orleans - (Fonte: El País).

Área inundada pelo furacão Katrina no noroeste de Nova Orleans e Metairie, Louisiana - (Foto: Wikipedia).

Equipe aérea da Guarda Costeira americana procura por sobreviventes em Nova Orleans após o furacão Katrina - (Foto: Wikipedia).

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