sexta-feira, 29 de junho de 2012

Software ajuda a manter anonimato na internet

O texto abaixo foi traduzido por Leticia Nunes e publicado ontem no site do Observatório da Imprensa.

Originalmente criado em um laboratório da marinha americana com o objetivo de proteger as comunicações do governo, o projeto Tor cresceu e se transformou em uma plataforma que ajuda as pessoas a se manterem anônimas na internet. Na semana passada, o Knight News Challenge, programa da Fundação Knight, anunciou uma injeção de verba no projeto, que deverá se estabelecer como uma base de apoio poliglota – permitindo que pessoas em todo o mundo possam obter assistência a qualquer hora.

O software é gratuito e funciona espalhando transações online pela rede. Desta forma, torna-se impossível determinar a localização de alguém com base em sua atividade online. O primeiro objetivo do Tor, em sua nova forma, é dar liberdade a quem não quer ter suas pegadas marcadas na internet, mas o Knight News Challenge acredita que ele também tem valor jornalístico. Com o auxílio do software, pessoas que vazam informações confidenciais podem proteger suas identidades, e jornalistas não precisam identificar sua localização, evitando problemas em países repressivos.

Andrew Lewman, diretor-executivo do projeto, diz que o Tor tem usuários em “todos os países do mundo que têm acesso à internet, com exceção talvez da Coréia do Norte”. Hoje, os países que mais usam o software são EUA, Itália, França, Alemanha e Espanha.

Pegadas

Lewman afirma que a ideia é usar a verba do Knight News Challenge para facilitar o trabalho dos jornalistas e evitar que eles coloquem suas fontes em risco. Por enquanto, no entanto, a maior parte das pessoas que usam o Tor são cidadãos comuns que querem simplesmente se livrar de anunciantes os perseguindo pela rede. Um exemplo é alguém que descobre que um amigo tem câncer, faz uma busca na internet para saber mais detalhes sobre a doença, e em seguida começa a ser bombardeado por anúncios ligados àquela pesquisa inicial no Google. Ou alguém que pensa em passar as férias em Nova York, faz uma pequena busca, e em seguida dá de cara com ofertas de hoteis na cidade a cada página que visita na rede.

Esta é uma questão com que os internautas estão começando a se preocupar agora – muito por conta dos anúncios que aparecem no Gmail e no Facebook com base em informações pessoais compartilhadas. Lewman diz que, quando pensa no futuro, gostaria de criar um software que garantisse a liberdade de expressão e a privacidade total na internet. “Eu seria muito mais leal a empresas se elas honrassem meus desejos sobre os meus dados. E imagino que haja muita gente que pense da mesma forma. [As empresas] começam dizendo que te amam, que vão cuidar das suas informações, mas lá pela página 16, parágrafo cinco, é ‘Venderemos seus dados a quem pudermos, e você não pode fazer nada a respeito’”, resume. 

USB

O Tor também pretende usar a verba do Knight News Challenge em um projeto batizado de Tails. Trata-se de um sistema operacional preconfigurado em um pen drive. Assim, depois que o pen drive é desconectado, não ficam rastros no sistema local – o que permite que jornalistas publiquem informações de forma anônima de qualquer lugar, sem precisar de um laptop próprio.

“Você entra em um cibercafé, conecta seu pen drive, e terá um sistema operacional anônimo. Há ali uma conta de email, um browser de internet, ferramentas de edição de texto, vídeo e áudio”, explica Lewman. “Vamos pegar um exemplo extremo: você está em um país qualquer e testemunha um conflito. Você quer enviar o vídeo, mas não quer que ele seja rastreado até você. Pague 20 dólares por uma hora no computador, faça o upload do vídeo, mande para o YouTube ou algum outro site, desconecte o pen drive, e não há rastros”. Informações de Adrienne LaFrance [Nieman Journalism Lab, 20/6/12].  

Nenhum comentário:

Postar um comentário