quinta-feira, 7 de junho de 2012

Matriz do Santander quer parceria com o BB

[O texto abaixo é de reportagem publicada hoje pela Folha de S. Paulo, e está sisponível apenas para leitores e assinantes do jornal. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

O presidente mundial do Santander, Emilio Botín, fez um pedido formal anteontem à presidente Dilma Rousseff para que o Banco do Brasil compre até 10% de participação na instituição espanhola, apurou a Folha no Palácio do Planalto. Dois integrantes do Executivo brasileiro disseram à Folha que a proposta feita a Dilma na terça prevê parceria entre o Banco do Brasil e a matriz do Santander na Espanha, não nas operações brasileiras.

Procurada ontem, a assessoria de comunicação da instituição espanhola disse que não comentaria o assunto e reforçou declarações dadas por Botín nesta semana de que as operações do Santander no Brasil não estão à venda, e que o país "é estratégico para o grupo". O Banco do Brasil, também procurado para comentar a oferta, não quis se pronunciar.

Botín foi recebido por Dilma na terça, em audiência não prevista na agenda da presidente.  Ele havia conversado ao pé do ouvido com Dilma na segunda, no almoço do Itamaraty em homenagem ao rei da Espanha, Juan Carlos, em visita oficial ao país.

Segundo a Folha apurou, o governo brasileiro não concorda com a compra de ações do Santander pelo Banco do Brasil e já deu sinais de que não aprova a operação, que ocorreria em meio ao pessimismo internacional quanto ao futuro do sistema financeiro europeu. De acordo com integrantes da equipe econômica do governo, o Brasil não teria como explicar uma injeção de dinheiro no Santander.

Diplomacia

Apesar de a decisão de não fechar negócio já ter sido tomada, a área técnica do Banco do Brasil ainda elaboraria uma explicação formal aos espanhóis, por razões diplomáticas.

O Brasil seria uma opção na busca do governo espanhol para resguardar seu sistema financeiro, já abalado pela crise europeia. [Nada bobos esses espanhóis, querendo por tabela comprometer por tabela o Brasil -- dada a característica especial do BB -- numa blindagem financeira do Santander.]

Anteontem, a Espanha disse temer uma crise ainda maior e fez um apelo à Europa pelo resgate de seus bancos, a fim de evitar que os problemas se espalhassem por todo o sistema finaceiro do país.

Dados do Santander (fonte: Folha de S.Paulo)

Santander

Fundação e porte: em 1857, na Espanha. 102 milhões de clientes no mundo e 15 mil agências.

Funcionários: 193 mil.

Operações: as principais são no Reino Unido, Brasil, Portugal, Alemanha, Polônia e EUA.

Fundos: € 1,4 trilhão.

Aquisição: desde 2010, suas principais aquisições foram do Sovereign (EUA).

No Brasil (1° trim. 2012)


Receita bruta: R$ 8,1 bilhões (6,8 bilhões em 2011).
Carteira de crédito (em março): R$ 187,5 bilhões (R$ 160,2 bi em 2011).
Agências: 2.360.
Clientes: 25,7 milhões (23,4 milhões em 2011).

Lucros líquidos no Brasil (primeiros trimestres, em R$ bilhões) - Fonte: Folha de S. Paulo


Banco do Brasil: 2,95 (2011) - 2,70 (2012)

Santander: 1,83 (2011) - 1,76 (2012)


[Como se vê acima, o Santander é um banco de grande porte  no mundo e também no Brasil.  A S&P informava em fevereiro passado que a qualificação do Banco Santander (Brasil) S.A. não havia sido afetada pelo rebaixamento da nota da matriz do banco na Espanha. Em 19 de maio a revista The Economist informou que o Santander teve, em 2011, a menor relação custo/receita entre grandes bancos internacionais (essa relação, obtida dividindo-se os custos operacionais pela receita operacional, é considerada um parâmetro particularmente importante na avaliação de um banco -- quanto mais baixa ela for, mais eficiente e rentável é o banco)]:










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