sábado, 2 de junho de 2012

O "voo de galinha" de Dilma Rousseff

Há pouquíssimo tempo, coisa de dias, nossa ex-guerrilheira Dilma Rousseff fez a bravata de dizer que "nós estamos 100% preparados para a crise, 200% preparados, 300% preparados" -- com isso, perdeu mais uma excelente oportunidade de ficar calada. Menos de duas semanas depois, o IBGE revelou o tamanho do nosso "preparo": nosso PIB no primeiro trimestre do ano cresceu um "incrível" 0,2% em relação ao último trimestre de 2011, ou seja, nossa economia praticamente estagnou.

De duas, uma: ou a ex-guerrilheira desconhece completamente como anda a economia que ela comanda centralizada e autoritariamente, ou ela nos mentiu. Em qualquer das hipóteses, devíamos ser mais respeitados.

Os gráficos abaixo, feitos pelo Globo, revelam o tamanho do nosso tombo e da mentira de Dª Dilma (clique na imagem para ampliá-la -- ampliar a figura, porque não há mais como ampliar a mentira):


As críticas ao modelo econômico adotado pela ex-guerrilheira se avolumam, e beiram a unanimidade diante desse "pibinho" do primeiro trimestre. A estratégia de estimular a economia via consumo, com a redução de impostos sobre eletrodomésticos e veículos, por exemplo, com investimentos pelo governo federal em queda, já mostra sinais claros de exaustão. Pelo visto, os tais "300%" de "preparo" para enfrentar para enfrentar a crise viraram um "voo de galinha", acabou logo.

O economista Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, publicou hoje no Globo (pág. 28) um artigo curto, com o título de "Fim de linha?", que tem o efeito de um bisturi. É ele que afirma que nossa economia dá sinais de exaustão. "O modelo calcado no consumo das famílias brasileiras, impulsionado por uma massa salarial crescente, pelo crédito e -- ultimamente -- por incentivos fiscais está superado", diz ele. "Incentivar as famílias a tomarem mais dívida, com uso do cheque especial e parcelando até compras do dia-a-dia, é brincar com fogo", acrescenta.

Para o coordenador do Grupo de Análise e Previsões (GAP) do Ipea, Roberto Messenberg, a indústria passa por um momento de ajustes de estoques, que, contudo, não cria condições para dar fôlego às decisões de investimento. "Esse modelo de crescimento, que vem desde a época do governo Lula, está se esgotando. É um modelo de distribuição de renda, ampliação da base de crédito, crescimento de consumo, com base em juros elevados e câmbio segurando a inflação. Só que, sem ampliar a capacidade produtiva, o crescimento da economia não se sustenta. São apenas voos de galinha. É o investimento que alimenta o consumo, e não o contrário. É um modelo que está se tornando esquizofrênico". -- É importante registrar que o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) é um órgão público, vinculado ao Núcleo de Estudos Estratégicos da Presidência da República.

A economista Monica Baumgarten de Bolle, professora da PUC-Rio e diretora do IEPE (Instituto de Estudos de Política Econômica)/Casa das Garças diz: "Mas o estímulo ao consumo é um paliativo, uma dose de água com açúcar, não um potente antidepressivo. Para acabar de vez com a melancolia do crescimento brasileiro, para criar as condições para que uma expansão vigorosa se sustente, será preciso o auxílio do investimento. Sem ele, as altas taxas de crescimento de outrora terão sido apenas um rio que passou em nossas vidas. Um rio que desembocou no mar da crise internacional".

Em postagem recente, afirmei que a afirmativa dos 300% de "preparo" contra a crise mostrava que Dª Dilma havia sido enganada pelo camelô -- em vez de vender-lhe uma bola de cristal, lhe havia vendido uma lente de aumento, confundindo sua visão. Agora, surge o bem bolado epíteto "voo de galinha" para assinalar a extensão daqueles 300% da ex-guerrilheira. O problema é saber se continuaremos no pau de galinheiro em que estamos empoleirando.


3 comentários:

  1. Amigo VASCO:
    Excelente artigo. Bela análise.
    Entretanto, quando isso vai chegar à população? A quela que não tem INTERNET, que só vê televisão nos canais "padronizados", nos jornais onde só leem as manchetes em bancas?
    E ainda estamos sobre a ameaça do NPA voltar a ser candidato "se a DILMA não quiser se reeleger".
    É BRICADEIRA!!!

    pare o BRASIL, porque eu quero DESCER!!!!

    Sergio LEVY

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  2. Parabéns amigo pelo texto que diz tudo. Poucas pessoas perceberam ainda essa mancada da "presidenta", envolvidas que estão nas acrobacias do ApeDELTA ao iniciar antes da hora a sua propaganda eleitoral ...

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  3. Muito bem postado e bem comentado. É no mínimo bizarro que uma ciência tal como a economia se valha de rebuscados modelos matemáticos, para suas previsões e palanejamentos, mas peque na aritmética mais rasteira do 1+1=2.
    Não se pode tirar mais um pouco de onde não há mais nada, tal como é insentivar a procura de bens de consumo, deixando de lado os bens de capital. Bem...., mas isso acho EU.
    Se o NPA aparecer na TV Globo às 20 h e disser o contrário, saio derrotado embaixo de batatas.
    Hélas! A mera ameaça de seu eventual terceiro mandato é o risco permanente de um corte nos meus pulsos.

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