"Estamos construindo para os sudaneses um asilo político", disse o motorista de um trator. "Estamos construindo ruas e estruturas, criando uma espécie de vizinhança". [A "cultura" política desse tratorista é surpreendente ... Chamar isso de "asilo político" é dose!]
O plano do governo de manter os imigrantes longe e fora das cidades foi deflagrado por uma recente avalanche de protestos e ataques contra imigrantes africanos em Israel, especialmente ao sul de Tel Aviv. O plano para os centros de detenção foi mostrado ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na última quinta-feira -- ele havia ordenado uma resposta rápida e eficaz para a questão dos imigrantes em Israel [quando Netanyahu fala em "eficácia" é bom ficar muito atento!].
Entretanto, funcionários dizem que o centro de Ketziot não ficará pronto a tempo para que sejam encarcerados [sic] os imigrantes que a Polícia de Imigração tem estado recolhendo até esta semana. As instalações não serão também suficientemente grandes para acomodar todos os imigrantes. As instalações da prisão [sic] estão planejadas inicialmente para acomodar cerca de 3.000 detentos. Eles ficarão em contêiners marítimos transformados em residências móveis, que "serão estruturas, para todas as intenções e objetivos, não simples contêiners de uso marítimo", disse um oficial do ministério [famílias confinadas em cubículos -- a história não ensinou nada, ou ensinou errado aos judeus]. Em um estágio posterior, serão providenciadas estruturas adicionais para outros 8.000 imigrantes mais.
"Queremos garantir que todos os imigrantes que entrem em Israel sejam colocados num centro de detenção", disse um funcionário do ministério da Defesa [imigrante indo direto para uma cadeia, sob a guarda do ministério da Defesa israelense --- tratamento VIP esse ...]. "O plano visa a reduzir a motivação das pessoas para vir a Israel [só quem for masoquista]. Eles não serão levados para Tel Aviv em um ônibus, mas sim para um complexo [penitenciário] no sul", disse ele.
O ministério disse que espera concluir o primeiro estágio das instalações por volta do final do ano, e começar a colocar imigrantes lá em novembro. Entretanto, como há um número estimado de 2.000 imigrantes entrando mensalmente em Israel, isso não será suficiente para abrigar todos eles, disse um funcionário.
Há poucos dias atrás, o ministério da Defesa disse que iria levantar de 20.000 a 25.000 tendas para imigrantes africanos em vários centros de detenção até o final do ano [esse pessoal vai ficar um pouco melhor do que os que forem enfiados em contêiners]. Funcionários do ministério disseram que cada imigrante terá direito a um espaço de 4 a 5 m², mesmo nas tendas [só vendo p'ra crer, principalmente com os contêiners ...]. As tendas serão levantadas em cinco centros diferentes ao longo de alguns poucos meses. Uma vez concluídos, os centros serão administrados pelo Serviço de Prisões [sic].
A primeira cidade de tendas será construída sobre as ruínas de uma antiga base do exército, vários quilômetros ao sul de Ketziot. O local já possui as fundações em cimento para os pisos das tendas. O ministério pretende construir outra cidade como essa perto das instalações de um centro de detenção permanente.
Embora milhares de pessoas devam viver em tendas, não existe nenhum sistema de esgoto visível por lá [isso é que é tratamento moderno e humanitário!]. Os engenheiros do ministério, que vêm instalando sistemas de infraestrutura nessas áreas, planejaram utilizar piscinas de vaporização (vaporization pools) como sistemas de esgoto temporário para milhares de imigrantes. Mas agora, com a expectativa de dezenas de milhares de pessoas, o governo terá que construir uma estação de tratamento de esgotos na área, o que deverá demandar muitos meses até ser concluído.
Pessoas da área já sofrem com um fornecimento irregular de energia elétrica, foi dito ao jornal. Espera-se que isso fique ainda pior [melhorar, p'ra quê? ...], quando uma "cidade" adicional for construída entre as comunidades isoladas.
O chefe do Conselho Regional Ramat Negev, Shmuel Rifman, diz que se opõe à construção das cidades de tendas, que as infraestruturas caindo aos pedaços da região -- principalmente as de esgoto, energia elétrica e água [sobrou alguma?...] -- não aguentarão sustentar. "Estabelecer uma cidade de tendas parece simplesmente ruim. Você tira pessoas do sul de Tel Aviv, as enfia em tendas no meio do deserto, e aí eu tenho que cuidar delas", disse ele. "Me dizem que isso é temporário, mas em Israel o transitório vira permanente. Nada justifica que Ramat Negev arque com todas as falhas resultantes de anos de negligência no trato com os imigrantes", acrescenta Rifman [me soa bem este Rifman].
[Não há absolutamente nada edificante ou minimamente aproveitável no trato dos judeus com os imigrantes africanos. Um dileto e culto amigo meu, a propósito disso, chamou-me a atenção para um artigo interessante chamado "Um progrom em Israel", de 31/5/12, do jornalista Luiz Eça, que vale muito a pena ler. Como "aperitivo" para essa leitura, reproduzo abaixo a parte inicial do artigo:
"Para quem não está a par, “pogrons” eram ataques que turbas de racistas faziam contra aldeias ou bairros de população judaica. Comuns durante séculos, especialmente na Europa Oriental, mobilizavam bandos que saqueavam e destruíam casas e lojas de judeus, ferindo e até matando.
Por uma ironia do destino, os “pogrons” reviveram em Israel, na noite de quarta-feira da semana passada. Só que as vítimas de ontem foram os algozes. Na região sul de Tel-aviv, uma multidão de mil pessoas atacou e destruiu casas, carros e pequenos negócios de uma zona habitada por africanos, que vieram a Israel em busca de asilo. Feriram dezenas, felizmente não houve mortes. Foram liderados e açulados por membros do Parlamento israelense: Michael Bem-Ari, Miri Regev e Danny Danon".
Definitivamente, é simplesmente impossível dizer Shalom para quem faz isso com os imigrantes africanos!!]
Construção no local do deserto de Negev definido para alojar imigrantes africanos que cheguem a Israel. O governo espera manter longe das cidades quem lhe pedir asilo. - (Foto: Eliyahu Herschkovitz).
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