Entre arqueólogos, havia um debate antigo sobre a natureza das pinturas de cavalos e de outros grandes mamíferos do Paleolítico Superior (fase anterior à invenção da agricultura, quando ocorre uma explosão artística). Não se tinha certeza se essas imagens eram estilizadas, com características sobretudo simbólicas e rituais, ou se os caçadores-coletores de 25 mil anos atrás estavam simplesmente retratando os animais como os viam.
A equipe liderada por Arne Ludwig, do Instituto Leibniz de Pesquisas Zoológicas, em Berlim, decidiu tirar a dúvida analisando amostras genéticas de cavalos da época, obtidas na Sibéria e em vários locais da Europa. Usando variantes de DNA que denunciam a cor da pelagem do animal, os cientistas mostraram que os cavalos do Paleolítico tinham coloração baia (grosso modo, castanho), preta e "leopardo", um padrão caracterizado por pintinhas pretas no corpo claro do bicho. Curiosamente, são justamente esses três padrões os retratados pela arte da Era do Gelo. Até as pintinhas aparecem em certas imagens, embora as cores escuras sejam as mais comuns.
Isso sugere "que as pinturas da espécie nas cavernas são retratos claramente realistas dos animais; isso apoia a hipótese de que as pinturas tinham menos conotação simbólica ou transcendental do que se imagina às vezes", escrevem os pesquisadores. A pesquisa está na revista científica "PNAS".
Cavalos do paleolítico tinham coloração baia, preta e "leopardo"- (Foto: N. Aujoulat/France Presse).
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