Médicos anunciaram a aplicação de um teste genético de amplo espectro que rastreia mutações em células cancerosas para ajudar a adequar o
tratamento de pacientes com tumores malignos no pulmão.
Usada em pacientes com câncer de pulmão do tipo não pequenas células
(NSCLC), a técnica fez tanto sucesso que a equipe agora a adota para
tratar tumores malignos colorretais, de mama e cérebro, além de avaliar
sua aplicação na leucemia, afirmaram os especialistas no artigo,
publicado na edição desta quarta-feira dos Anais de Oncologia, periódico
científico europeu especializado em câncer. A meta é identificar mutações genéticas específicas que fazem com que as
células se dividam e multipliquem de forma descontrolada.
O próximo passo é atacar estas mutações com "drogas inteligentes" que
bloqueiam a enzima que possibilita a proliferação das células.
Medicamentos sob medida são considerados armas de precisão, pois
rastreiam o tipo de célula maligna, ao contrário da quimioterapia, que
atua mais como uma arma de caça.
"Escolher o tratamento correto pode elevar as taxas de resposta [aos
medicamentos] em pacientes com NSCLC de 20% a 30%, em média, para 60% a
75% e melhorar a sobrevivência", afirmou Lecia Sequist, da Escola Médica
de Harvard e do Hospital Geral de Massachusetts, que dirigiram a
pesquisa.
O teste, denominado SNaPshot, busca 50 áreas de mutação em 14 genes, conhecidos por desempenhar um papel em cânceres NSCLC.
A técnica, denominada reação em cadeia da polimerase (PCR, na sigla em
inglês), leva em média menos de três semanas para obter resultado, ao
fazer o rápido rastreamento de métodos tradicionais para amplificar e
analisar amostras genéticas. Os pesquisadores analisaram tecido retirado de 589 pacientes em um teste
de 14 meses e encontraram uma ou mais mutações em pouco mais da metade
das amostras. Dos 589 pacientes, houve 353 com câncer em estágio avançado. E em 170
destes, os médicos conseguiram identificar um ou mais genes
problemáticos.
Esta descoberta abriu o caminho para que 78 pacientes recebessem tratamentos direcionados.
Segundo Sequest, esta foi a primeira vez que uma rede ampla de genes
defeituosos foi levantada para criar um genótipo ou perfil genético,
para uso no tratamento do câncer. "Nosso estudo é excitante porque demonstra que de fato é possível
integrar, hoje, testes de biomarcadores genéticos múltiplos à atribulada
prática clínica e levar aos pacientes terapias personalizadas",
afirmou, em comunicado.
A genotipia é uma ferramenta de rápido desenvolvimento na medicina
preventiva, ajudando os médicos a identificar, por exemplo, as mulheres
com risco de desenvolver câncer de mama.
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